Há uns 6 ou 7 anos, quando minhas filhas e meus sobrinhos ainda eram pequenos, tive uma ideia que, a princípio, me pareceu interessante: imprimi uma foto de cada um deles em uma camiseta, cortei somente a área impressa, acolchoei e costurei no formato de uma almofada.
Era um recado: um convite a substituírem os ursinhos que os acompanhavam à noite e adotarem a miniversão deles mesmos como protetor de seus sonos. Apesar de incentivar as crianças a pedir ajuda, encorajo-as também a confiar na própria força. “Não estou sozinho. Estou comigo. Dou conta!” Gosto de quem que gosta da (e põe fé na) própria companhia.
“Foi uma surpresa rica e interessante. O menino de boné na cabeça e bochechas rosadas do passado já não o representava mais”
Citei anteriormente que a ideia só “me pareceu” interessante porque, quando entreguei os bonecos/almofadas, optei por não dar esse texto para os quatro, por serem ainda muito novinhos. Imaginei que a metáfora era boa o suficiente. Eles gostaram do presente, claro. Acharam graça e partiram para a próxima brincadeira. Fui ingênua.
Era o que pensava até receber o telefonema de meu sobrinho na semana passada. Ele me disse ao telefone que sua almofada já estava velhinha e que, se eu pudesse, ele gostaria de ter uma versão atualizada, com uma foto mais recente. A irmã dele e minhas meninas, ao ouvirem o pedido, fizeram coro no desejo da revisão.
Foi uma surpresa rica e interessante. O menino de boné na cabeça e bochechas rosadas do passado já não o representava mais. Não é a este que ele recorre; não é com ele que conta. Mas com sua versão atual. Está crescido, seguro o suficiente, inclusive, para ligar e pedir ajuda. O recado foi dado. Talvez a metáfora fosse mesmo boa o suficiente.