Não são os cientistas que oferecem as nomenclaturas mais precisas, charmosas e inventivas às coisas. Observe-se, por exemplo, a denominação daquela planta: brinco-de-princesa.
Francamente, é de muita competência poética!
Quem cunhou esse nome teve olhos, disposição e algum tempo para observar o mundo e, naquele ente, perceber o belo, suas formas, suas cores, sua composição geral. Com naturalidade, soube desfrutar algo gratuito e gratificante.
Quem cunhou esse nome teve senso lúdico, porque sabe que a flor não é, a princípio, um enfeite pessoal, mas aquela espécie, tão rebuscada, colorida e ornamental, parece um adorno. Então, como metáfora lírica e humorada, decidiu que vale a pena mentir, ao dizer: brinco-de-princesa.
Quem cunhou esse nome tem um imaginário rico, porque as princesas pertencem, essencialmente, à instância que chamamos de fantasia, em que são, quase sempre, fascinantes. Aludir à sua figura na linguagem comum propõe borrifar o cotidiano com tal encanto. O que revela também uma índole generosa.
Quem cunhou esse nome de algum modo sabia que gente se alimenta não só pela boca, mas também pelos olhos e pelos sentidos todos. Então, além de prazeroso, é saudável ter a beleza e a harmonia por perto.
E, ainda que muitas vezes possa se equivocar e tropeçar na busca do que realmente anseia, pois está aprendendo a viver, quem cunhou esse nome certamente se interessa pela felicidade humana: é o povo.
“Brinco-de-princesa: francamente, é de muita
competência poética!”