Viver a maternidade ou a paternidade de modo atento e amoroso é uma experiência de extraordinário valor existencial.
Criar um filho assumindo as responsabilidades emocionais e práticas que a tarefa implica é examinar a vida de perto, é recriar-se e tornar mais compreensivo e generoso o nosso olhar para o mundo.
Construir a história comum aos dois, apropriando-se das heranças e aprendizados dos antepassados e aproveitando as oportunidades que o cotidiano nos dá de trocar informações com aquele ser que está sob a nossa guarda é um trabalho de imensa riqueza.
Entretanto, um dos aspectos mais belos desse processo não é tão somente conferir o resultado satisfatório que almejamos e programamos ao longo de anos, ao nos dedicarmos com afinco à formação integral daquela pessoa.
Para além disso, o que irá nos surpreender positivamente, quando cumprimos com as incumbências parentais, é descobrir que existem expressões que são particulares desse sujeito, algo que não dependeu diretamente da nossa influência – mas que certamente passou pelo nosso consentimento amoroso –, algo inusitado que ele exprime de forma serena, profícua e original, como elemento legítimo de sua natureza.
Então constatamos que a revelação e a manifestação das potencialidades desse filho nos promovem, nos renovam e nos alegram. E faz despontar a conclusão: a tarefa mais nobre dos pais, também sutil e laboriosa, é proporcionar toda a provisão necessária, composta de afeto, limites, liberdade, incentivo e esteio material para que esse indivíduo possa vir a ser exatamente quem ele é.
“Criar um filho é tornar mais compreensivo e generoso o nosso olhar para o mundo”
Onides Bonaccorsi Queiroz é jornalista, escritora e autora do blog verbodeligacao.wordpress.com
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