X

Intolerância Globalizada

A intolerância saiu do campo dos bairrismos regionais, atravessou às diferenças culturais, raciais, religiosas e, hoje, se instalou, de forma globalizada, no mundo inteiro. Espalhou-se, mesmo, em todos os segmentos sociais. A gente, já não se suporta mais. No quesito socialização, ou civilidade, estamos indo de mal à pior. O que aconteceu? Creio que, em longo do tempo, a gente toda foi contaminada pelos variados problemas sociais insolúveis. Sem solução, especialmente porque os remédios advindos da religião, da política instituída de poder e da justiça, só para citar esses três, são paliativos. O extremismo religioso, da presente hora, seja em nome do Islã ou do cristianismo, vai além do zelo excessivo pela crença, mostra-se irracional, caracteriza-se pela ausência de autocrítica, é arrogante e estribado numa mentalidade imatura. A história das religiões está repleta de casos de intransigência, que são uma desgraça para a humanidade. Desde a inquisição, passando pelas guerras religiosas da Europa do século XVII e dos tempos modernos, com os maus exemplos dados pelo Irã e seus xiiitas e pela Irlanda, com seus intolerantes protestantes e católicos romanos, fica demonstrado que esse extremismo religioso nunca descansa. Por que não descansa? Porque, pelo prisma do entendimento de vários pesquisadores, não existem respostas fácil ao desafio do fanatismo religioso e da violência religiosa. Sobretudo, porque as suas motivações são de fins políticos.
As decisões políticas dos mandatários das grandes nações são recheadas de intolerância.
Em diversos países republicanos, há governantes que não admitem que suas decisões sejam contrariadas. Este é um tipo de fascismo mitigado, mas não deixa de ser fascismo. Alias, de todas as definições de fascismo, fico antes de qualquer outra com aquela que diz que fascismo é um sistema político antidemocrático.
Da intolerância à destruição do outro, é um pulo. Caso específico do conflito na Síria, com os EUA, intervindo de forma brutal. Atacou, talvez, para não desdizer ou contrariar, o mandatário mor norte americano, que disse: “Estamos prontos para atacar a Síria”. É a hora e a vez do Estado conquistador e intolerante.
Contudo, produto da intolerância, essas são guerras convencionais entre as nações. Entretanto, a intransigência chegou até nós, com as guerras particulares entre os indivíduos. A tal ponto que no Brasil, país do futebol, duas torcidas de “times grandes” não pode assistir civilizadamente, no mesmo estádio, a um simples jogo de futebol. Há registros de mortes, aqui e ali, ocasionado pelo confronto das torcidas denominadas de “organizadas!”.
Tem, também, esta pugna, recheada de intolerância, dos homossexuais, em todos os níveis da sociedade, particularmente com as igrejas ditas evangélicas. Aqui a intransigência é de ambos os lados, contrariando a ética cristã que, diferentemente de outras éticas religiosas, como a islâmica, entende que a intolerância é um prejulgamento sem motivo ou razão para se fazer objeção. Entretanto, existem denominações ditas cristãs, no seio do mundo evangélico, que pregam não ser esse o caso da homossexualidade.
Por outro lado, boa parte do mundo gay, quer pagar na mesma moeda, a intolerância oriunda de ”boa parte” dos evangélicos. É uma desforra, além de tacanha, intolerante! Ademais, a postura, é intolerante porque há outros milhares de devotos que respeitam as diferenças! Reputo, como causa recrudescente dessa intolerância globalizada, as redes sociais que vivem, salvo exceções, à flor da pele, o absolutismo dos que não admitem opiniões divergentes das suas, em questões sociais, políticas ou religiosas.
Por causa dessa intolerância, cruel e desumana, a relação entre os homens está seriamente comprometida; a convivência nos centros urbanos, principalmente, tornou-se um caos, uma desordem social que tende a se agravar; não temos princípios, nossos valores são decadentes, “aniquila-se o homem e a mulher, destrói-se o idoso e a criança.” As estatísticas estão aí para comprovar, infelizmente, o que afirmo.

Fabiano Azevedo: