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A maternidade é um eterno exercício de conciliação

Se alguém me perguntar se as crianças brigam muito aqui em casa, respondo no automático: “Não, são uns amores”. Mas, pensando bem, tenho gastado mais tempo no exercício de conciliação do que gostaria. Segundo Adele Faber, autora de Siblings Without Rivalry (Irmãos Sem Rivalidade – em tradução livre) uma pequena dose de violência infantil é esperada. Ela diz ainda que há coisas que podem ser aprendidas quando brigamos, testamos assim nossas forças e limites.
Certo, tudo ótimo, concordo. Mas na prática, essa disputa frequente não me parece tão saudável. Estava quase desistindo de ouvir Adele quando ela propôs uma tentativa de solução para o MMA nosso de cada dia. A ideia é conversar sobre a briga. Trocar o por um “Não quero nem saber quem começou, está todo mundo de castigo” por um “Por que vocês estão brigando?”

 

“O objetivo é acolher os sentimentos e ensinar que ninguém resolve nada com muita raiva”

 

Naturalmente que alguém vai responder: “Foi fulano que me bateu primeiro” E você segue: “E você achou que a melhor ideia seria bater de volta?” (Com sua voz mais calma e ainda assim firme). Para cada resposta, você devolve uma pergunta. Pouco a pouco a tensão vai diminuir e as crianças vão começar a entender que estão se comportando como pequenos selvagens ;). O objetivo é acolher os sentimentos e ensinar que ninguém resolve nada com muita raiva. Se for preciso, vale deixar cada um em um canto da casa. Assim se esfria a cabeça pra depois voltar ao assunto.
É claro que se alguém estiver correndo risco de se machucar, essa teoria cai por terra e o melhor é partir para separar as crianças. Mas no que se refere ao dia a dia, acho que vale mesmo abrir os olhos dos pequenos para a verdadeira finalidade da briga. “Estamos discutindo mesmo por esse brinquedo ou estamos fazendo da disputa uma rotina?”
Ps: Em tempos de pouca conciliação e muitos amigos bloqueados no Facebook, a pergunta vale para nós adultos também.

* Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu – Verdades inconfessàveis sobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…
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Fabiano Azevedo: