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Eterna aprendiz

Aos 8 anos queria ser astronauta mas, aos 14 mudei de ideia e queria estudar medicina. Já aos 16 anos resolvi que não queria ter esse tipo de preocupação. Terminei o ensino médio e na hora de fazer o vestibular, eu precisava tomar uma decisão e mesmo contrariando alguns, decidi fazer o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.
Percebo que essa decisão me levou a locais e experiências que contribuiu para a formação de quem sou. Permitiu-me conhecer pessoas incríveis, e principalmente, me fez aprender muito mais que a formação de um lead ou técnicas de entrevista. Após o período acadêmico e há alguns anos no mercado de trabalho, todos os dias aprendo algo diferente, sinto a dor dos meus entrevistados ou a alegria deles dependendo da ocasião.
Uma entrevista em especial guardo na memória. Era um material especial sobre filhos de pessoas que morreram no trânsito. O tema era pesado, sofrido e nem mesmo com a simpatia da entrevistada me deixou a vontade para perguntar sobre tal sofrimento.

 

“Tenho muito orgulho da minha profissão e do papel que desempenho”

 

Pedi para ela me relatar como foi o acidente e enquanto ela falava, as cenas se passavam na minha cabeça como um filme, um trágico filme. No fim do relato em meio a lágrimas dela e minha, é claro, ela me diz: “A gente tem que valorizar cada segundo que temos com quem amamos, porque numa fração de segundos, o amor da minha vida se foi”.
Aquelas palavras me emocionam até hoje. A primeira coisa que fiz quando a entrevista terminou foi ligar para cada uma das pessoas que eu amo. Em que outra profissão eu teria uma oportunidade de ter esse tipo de experiência? Hoje não consigo me imaginar fazendo outra coisa.
Tenho muito orgulho da minha profissão e do papel que desempenho, mesmo com todas as dificuldades. Sim, porque elas existem e não são poucas. O mundo do jornalismo não tem nada de glamoroso.
Exercendo o jornalismo, aprendi que a ser uma cidadã que luta por uma sociedade melhor, aprendi a questionar o que é certo. Tornou-me uma pessoa inquieta e extremamente ansiosa, confesso.
E tenho certeza que os colegas de profissão têm outras histórias, até melhores, mas foi a forma que encontrei de homenagear a categoria que apesar de desunida tem uma força tremenda. Oficialmente, o dia do jornalista é comemorado em 7 de abril, mas eu acredito que o dia do jornalista deve ser comemorado todos os dias. Categoria, parabéns!

Bruna Lopes é jornalista.
jornalistabrunalopes@gmail.com

Fabiano Azevedo: