“O filho, que suga com sofreguidão o leite materno, é o Eros. O Eros é egoísta. A mãe, que doa por amor ao filho, é o amor Ágape.”
A enunciação do amor de mãe, que o pensamento pode conceber, por meio de gestos ou palavras escritas ou faladas, na sua expressão mais sublime, pode ser contemplada no ato da MÃE em lactar ao filho tenro. Aqui, temos o simbolismo do amor ágape e do amor Eros. O filho, que suga com sofreguidão o leite materno, é o Eros. O Eros é egoísta. A mãe, que doa por amor ao filho, é o amor Ágape. Este doar, no dizer de Santo Agostinho, é o amor sem medida, pois a medida do amor é amar sem medida. Imensurável! Assemelha-se, ao próprio amor de Deus que nos amou de “tal maneira” doando o seu único Filho por de nós (Ev. João 3.16). Então, a doação ou o aleitamento materno, na essência, é o próprio amor de DEUS, pois é vida! Esse amor ágape não pára no aleitamento, se estende por longos anos, especialmente nos cuidados e afeição da mãe por seus filhos. Neste quesito, os cuidados das mães pelos filhos, simbolizam os cuidados especiais de Deus pelos seus filhos espirituais.
Contudo, feliz da mãe que pode amamentar os filhos, uma vez que, em lugares de extrema pobreza, países africanos, existem pobres mães, enfraquecidas pela fome, que são impotentes neste ato de sobrevivência humana. Mas, mesmo debaixo dessa desigualdade humana, próprios de países subdesenvolvidos, grupos étnicos isolado das cidades modernas, que sobrevivem morando em cabanas feitas de argila, tirando o sustento de alguns animais e da terra, plantam milho e abóbora, há muitas mulheres mães que conseguem, com sacrifício hercúleo, amamentar seus filhos. Bendita providência divina. Bendito amor ágape!
A extrema dependência da prole humana, em seus tenros anos, ensina-nos que, desde o princípio, deve haver mães que cuide de seus filhos, o que já constitui uma unidade básica da família. De outro modo, dizem os especialistas, a raça humana não poderia sobreviver. Essa quase simbiose, associação de dois seres vivos, torna a figura da mãe emblemática, especialmente, quando a família, por questões econômicas, luta pela sobrevivência e não ocupa posição proeminente na sociedade.
Assim, ser mãe, embora todas as demais funções sejam igualmente reconhecidas, é o papel mais preponderante da mulher. Isto é pródigo e patente, notadamente na ciência antropológica. Alias, antigamente, o papel de mãe era tão importante que a esterilidade feminina chegava a ser considerada uma maldição dos deuses, porquanto furtava a mulher de uma de suas funções mais essenciais na vida
Esse amor ágape, nas mães, em certas circunstâncias da vida, vai as últimas conseqüências no afã de proteger seus filhos. Conta-se que, na antiga Mesopotâmia, uma família, pai, mãe e três filhos, estavam morrendo a míngua (a fome era grande e inexorável). Numa noite, o pai tomou uma decisão: venderia um dos três filhos aos mercadores do deserto e, com o dinheiro da venda, salvaria a família. A mãe, tal qual uma ave que, sob as asas, protege seus filhotes, se acercou dos filhos, enquanto discutia contra a decisão do marido. O grande drama era qual dos três seria o escolhido: O mais velho, argumentava a pobre mãe, não podemos vender, é o primogênito, o primeiro fruto do nosso amor; o do meio é muito parecido com você marido, não, este, também, não podemos vender; o terceiro, este é que não podemos vender mesmo, já que se trata do caçula, o nosso dengo-dengo. Então, pai, mãe e filhos, sucumbiram todos, debaixo da fome implacável, morrendo um após outro.