O Conselho Municipal de Transportes Públicos começou a dar solução para um dos temas que mais tem tirado o sono do usuário do transporte coletivo de Rio Branco: reajuste na tarifa. Esse valor hoje é de R$ 3,80. A sugestão foi de que o valor passasse a ser R$ 4,50, sendo que as empresas do setor pediram R$ 4,55. O Conselho, em contrapartida, lançou ontem a proposta de R$ 4,03, mantendo a passagem para estudante em R$ 1,00.
Não é valor final ainda. Os membros do Conselho agora vão ter 10 dias para analisar as planilhas, e alterá-las, caso julguem necessário. Lógico que nesse processo a parte do conselho interessada no aumento vai puxar os números pra cima, e a parte representativa dos estudantes e outras mais populares vão puxar as cifras pra baixo. Depois, faz-se uma reunião que vai bater o martelo final sobre a questão. A previsão é que em junho a nova tarifa já comece a valer. E, certamente, não vai ficar no mesmo valor.
Esse é o primeiro ano em que o Conselho Tarifário vai poder decidir sobre a questão da passagem sem a intervenção dos vereadores. Isso significa uma chance nova para fazer diferente, para inovar nesse sistema de discutir esse valor da tarifa, que é algo que vai afetar não um ou a dois setores, mas sim toda a sociedade.
Aos olhos da sociedade, muitas dúvidas recaem sobre esse processo da revisão tarifária. E, nesse âmbito, essa é uma boa ocasião, mais oportuna impossível, para lidar com estes questionamentos mais populares. Por exemplo, a tarifa reflete na questão da qualidade do serviço? Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa, ou ambas estão relacionadas nesse debate? O reajuste vai ampliar a frota de coletivos na cidade? Carros novos e mais confortáveis serão adquiridos? O salário dos trabalhadores está englobado? Pensando na questão do troco, esse valor de R$ 4,03 vai facilitar, ou a passagem vai virar R$ 4,10; 4,25; 4,50; 5,00 mais aquela velha desculpa de “não tem troco”?
Essas e outras perguntas permeiam a cabeça das pessoas. Instigam, intrigam, decepcionam, revoltam, e podem até convencer e conformar, dependendo das respostas. Mas o importante é ter respostas. O debate deve ser claro, e isso é uma missão implícita dentro da principal de decidir sobre o reajuste da tarifa. É um raciocínio até lógico: vai aumentar, então vai aumentar, só que vai aumentar por tais e tais motivos. A exposição desses motivos são muito mais do que meros números em planilhas do Excel. São informações que valem quase que como deveres de transparência que a população quer e precisa saber.
Portanto, cabe ao Conselho nesta nova missão do reajuste tarifário, mais do que o poder decisão, a responsabilidade de informar, de esclarecer, de tirar dúvidas e de ser transparente. Esse é um ponto que no modelo anterior, com os vereadores à frente dessa decisão, nunca ficou muito claro, nunca satisfez majoritariamente a população. É por isso que foi criado e se passou para as mãos desse Conselho. Que se construa e se faça diferente esse processo decisório. Os usuários anseiam e clamam por isso.
* Tiago Martinello é jornalista.
E-mail: [email protected]