“Fato é que prevenir e imunizar, infelizmente, não são verbos muito levados a sério quando se trata da nossa saúde”.
Está rolando a Campanha de Vacinação Contra a Gripe. Os postos de saúde da cidade, do Estado, estão mobilizados para aplicar as vacinas. Prepararam Dia D da campanha; levaram estrutura para locais de zona rural e mais isolados no Acre; dedicaram equipe para atuar na imunização; investiram na divulgação; etc. Só falta uma coisa: a adesão popular.
As pessoas têm um certo preconceito com esta vacina, desde que ela surgiu. Quem faz parte do público alvo (idosos, crianças de 6 meses até 5 anos, trabalhadores de saúde, professores das redes pública e privada, povos indígenas, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), pessoas privadas de liberdade – inclusive, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas – e funcionários do sistema prisional), então, tem mais ainda. Acham que tomar a vacina causa o efeito contrário, que é dose certa para pegar gripe.
Nem sempre este é o motivo real. Muitas vezes, essa tentativa de acreditar que a vacina é nociva à saúde não passa de uma desculpa para preencher uma lacuna de desleixo quanto a disciplina no hábito de tomar vacinas. É quase que um reforço à nossa cultura de deixar tudo pra última hora. A maioria de nós vê uma campanha e pensa “ah, vai durar mais um mês, depois eu vou lá me vacinar”. E quando se perde o prazo, o pensamento muda para algo do tipo “quer saber, ainda bem que não deu certo. Essa vacina faz mal mesmo”.
Fato é que prevenir e imunizar, infelizmente, não são verbos muito levados a sério quando se trata da nossa saúde. Temos esse costume ruim de vislumbrar o problema, saber o que deve ser feito pra evitar o problema, mas só lidamos com ele quando estoura em nós. É assim com nossas vidas. É assim com nossas doenças. Só sente o prejuízo na saúde, quando ele já chegou.
Há muitas informações sobre a vacina da gripe que devem ser melhor avaliadas pela população, antes de só acreditar por acreditar que ela é prejudicial à saúde. Veja bem: por que o poder público iria se empenhar para realizar campanhas e mais campanhas de imunização contra a gripe, se isso pode adoecer a população? Qual é o sentido de disseminar doenças para gerar custos em tratamentos ao sistema público de saúde? Parece meio ilógico acreditar que se orienta a tomada de uma vacina para que as pessoas peguem gripe.
Antes de se convencer de que a vacina faz mal, de que você vai ficar gripado por culpa dele, pesquise melhor. Informe-se. Não custa nada. A informação é, e sempre será, a melhor forma de superar o medo e conceitos preestabelecidos. E quando você tiver certeza da necessidade da imunização, confie em mim quando eu te digo que a vacina não dói, e nem custa muito do seu tempo. Tenha em mente que uma agulhada que dura um segundo é muito, mas muito melhor do que semanas e mais semanas arriado com aquelas gripes brabas.
* Tiago Martinello é jornalista.
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