Durante uma das aulas desse novo ano letivo, um homem alto e de voz firme entrou na sala para dar um recado à turma de Direito. Eu era uma das ouvintes.
O homem tinha uma proposta simples: seja doador de medula óssea. Ele falou por alguns minutos sobre o procedimento e de como aquele gesto poderia salvar vidas.
Por algum motivo, eu adquiri um tipo de pavor à agulha ao longo da vida. Eu sei que é um medo bobo, mas é real para mim e realmente me incomoda.
Ouvir aquele homem citar nomes, falar de pacientes que ele conhece e esperam por um doador compatível me encheu de compaixão. Muitos dos que estão na fila de espera são crianças.
Pensei muito antes de preencher a ficha cadastral, pois é preciso estar ciente que aquilo é algo importante. Digo isso, porque já escrevi matérias sobre pessoas que desistem ao serem chamadas para fazer a doação. Essa atitude tira a esperança e a chance dos pacientes que tanto precisam.
Com as mãos suadas e um pouco de nervosismo, eu preenchi a ficha e fiz a coleta de sangue para me colocar no cadastro nacional de doador de medula óssea. Estava assustava, mas não recuei um passo se quer.
O transplante de medula óssea é um procedimento rápido, como uma transfusão de sangue. Sabendo disso, não há o que temer. Essa medula coletada é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.
Depois de passar pelo tratamento, que destruirá sua própria medula, o paciente receberá as células da medula sadia de um doador, que pode ser eu ou você.
Como esse procedimento não é realizado em nenhum estado da Região Norte, se você for um doador compatível, a medula óssea terá que ser retirada em outro lugar, como Brasília, por exemplo. Isso sem nenhum custo para o doador, que poderá viajar com um acompanhante.
Se você ainda não é cadastrado, procure o Hemoacre e o faça. Eles vão coletar um pouquinho de sangue para ser analisado. Não é preciso estar em jejum.
Seja um doador. Afinal, a vida tem mais sentido quando ajudamos uns aos outros.
* Brenna Amâncio é jornalista.
E-mail: [email protected]