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Ufac aposta que Hospital Universitário será uma referência de atendimento e pesquisa na Amazônia

 

A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, visitou a Redação do Jornal A GAZETA nesta semana. A reitora agradeceu o apoio do Jornal na divulgação das ações da Ufac, e frisou a importância de um projeto da universidade que deve representar um grande marco para o Acre: o Hospital Universitário (HU). Apontado como a maior das iniciativas atuais da instituição, o hospital vai aliar três vertentes: oportunizar estágios e o ensino na prática aos alunos de cursos relacionados à saúde; pesquisa e extensão; e o atendimento à população.

Orçado em R$ 250 milhões, o Hospital Universitário da Ufac tem a expectativa de gerar 1.800 empregos diretos para o Estado (vagas estas que devem ser preenchidas através de concurso), além de se tornar uma referência na Região Norte em determinados tipos de atendimentos e pesquisas. As obras devem levar pelo menos 4 anos. O hospital terá mais de 300 leitos e cerca de 10 unidades de terapia intensiva (UTIs), infantil e adulto. Terá equipamentos e exames de ponta, e vai atender todos os públicos. Será a única unidade hospitalar federal no Acre.

O ambulatório do HU será voltado para dois eixos: o primeiro no sentido de complementar a rede pública estadual e municipal de saúde, atendendo as demandas mais sobrecarregadas de ambas as redes; e o segundo dedicado ao atendimento de patologias específicas da região amazônica, que devem ser mais bem estudadas.“Nossos profissionais devem tratar e conhecer melhor essas doenças. Quantos profissionais da USP já vieram estudar malária aqui? E nós que podemos aprofundar essa pesquisa dos tipos de malária existentes, da eficácia no tratamento, da prevenção, pouco fazemos. É preciso assumirmos mais esse protagonismo”, disse Guida.

Outras doenças consideradas ‘amazônicas’ serão alvos dos atendimentos, estudos e pesquisas da unidade hospitalar da Ufac, tais como os tipos virais de hepatites, hanseníase, tuberculose, febre amarela, doença de chagas, leishmaniose, doença de Jorge Lobo, entre outras.

O projeto do Hospital Universitário foi apresentado à comunidade acadêmica e estendido à sociedade acreana em geral em maio do ano passado. De lá pra cá, os projetos de hospitais deste segmento vêm ganhando força no país. Até estados tidos como de menor porte, como o Amapá, por exemplo, estão engajados na construção deles. O projeto da Ufac foi feito por uma empresa experiente, com vasto expertise no assunto, e agora está ganhando uma repercussão maior. Em março deste ano, foi tema de audiência pública, e deve seguir sendo massificado.

“Nosso projeto ficou excelente. Ao ser concretizado, nos tornará uma referência na Amazônia. Eu presidi a comissão de debates. Dialogamos com várias universidades. E discutimos a nossa demanda atual. Fomos nos nossos hospitais, porque a meta é oferecer um diferencial a mais no HU. Não partimos de um projeto pronto. Ele foi construído nas reuniões, com médicos e enfermeiros para averiguar a questão de fluxo”, destacou a reitora Guida Aquino.

Inicialmente, o hospital da Ufac deverá ter atendimentos em regime ambulatorial e em regime de internação; apoio ao diagnóstico e terapia; apoio técnico, desenvolvimento de recursos humanos e pesquisa, gestão e execução administrativa e apoio logístico.

Mas o que falta para avançar no projeto do HU? Em síntese, mobilização. De acordo com a reitora Guida Aquino, tudo o que foi feito para o hospital até o momento foi com o aporte de emendas parlamentares. Duas emendas parlamentares impositivas saíram para o Acre neste ano, até agora. A maior delas destinou recursos para as obras da BR-364, e a outra alavancou os projetos da Ufac, dentre eles o do hospital universitário. Guida considera isso um reconhecimento, mas frisa a continuidade deste esforço conjunto em prol da universidade.

“A universidade não consegue tocar um projeto desta dimensão sozinha. Só a vontade dos envolvidos não basta. Temos que envolver os parlamentares. E fazer uma série de campanhas para contar também com a adesão popular do Hospital Universitário, até porque a sociedade acreana é que será a maior beneficiada com este projeto. A população só tem a somar nessa hora para cobrarmos o empenho dos nossos parlamentares. Queremos a cada dia uma Ufac melhor, uma universidade que seja uma referência para a nossa Amazônia. E esse Hospital Universitário vem exatamente para atender a esse objetivo”, reforçou a reitora.

Colégio de Aplicação será levado para dentro do campus

A reitora Guida Aquino anunciou que o Colégio de Aplicação, que hoje funciona no Centro da cidade, vai ser levado para dentro do campus da universidade em Rio Branco. O primeiro bloco do colégio, inclusive, já foi inaugurado e passa por manutenção. Por isso, a previsão é que os alunos do Ensino Médio já se mudem para esta primeira instalação a partir da metade do ano.

Os estudantes do Ensino Fundamental só farão este processo de mudança a partir do próximo ano. Por enquanto, eles seguirão na estrutura atual da escola. A reitoria da Ufac ainda estuda se vai construir dois blocos de dois andares, cada, para receber estes alunos ou se, já pensando no processo de verticalização do campus, se irá construir um prédio apenas com 4 andares.

“O Colégio de Aplicação tem uma história muito bonita. Ele surgiu como um laboratório estratégico para os alunos de pedagogia, e daí foi ganhando corpo de colégio ao incluir um ensino fundamental, depois ensino médio. Agora, esses alunos do Ensino Médio já vão estar dentro do campus, fazendo pesquisas e extensão com os professores, e trocando informações com os graduandos. Esse convívio será muito bom”, completou a reitora.

Modernização dos laboratórios de graduação

Um projeto mais interno da Ufac no momento, descreveu a reitora Guida Aquino, é a melhora, revitalização e modernização de todos os laboratórios dos cursos de graduação. E este é um esforço que deve ser levado a todos os campus da universidade, na Capital e no interior.

Há 5 anos, a Ufac tinha um quadro de 800 a 900 funcionários. De lá pra cá, foram contratados mais de 250 professores efetivos e mais de 350 técnicos administrativos. Hoje, o quadro atual reúne quase 1.500 funcionários. A contratação de recursos humanos foi o primeiro passado para não só construir novos prédios, blocos, salas e outras instalações na universidade, mas, sobretudo, colocar gente para melhor o aproveitamento destes espaços físicos.

Agora, chegou a fase de melhorias no tocante à qualidade acadêmica. Por isso, o foco é na reestruturação dos laboratórios. Dar um novo conceito aos cursos de graduação.

Mestrados, doutorados e a nota 4

Outro esforço que deve ser fortalecido nos próximos anos é no investimento em mestrados e doutorados, com foco em não deixar a Ufac perder a categoria de ‘universidade’, e voltar a ser apenas ‘centro universitário’. Em 2016, isso quase aconteceu. Mas o empenho em trazer novos mestrados e doutorados evitou essa espécie de ‘rebaixamento’. De lá pra cá, foram ampliados de 6 para 14 mestrados, além da implantação de 4 doutorados (antes não tinha nenhum).

A melhoria nos laboratórios e os investimentos nos novos mestrados e doutorados, somados a todas as outras modernizações e revitalizações dos espaços físicos, fizeram a Ufac conseguir obter nota 4 perante a avaliação entre as instituições universitárias. A nota máxima é 5. Com tal desempenho, a Ufac aparece entre as 3 melhores universidades da Região Norte. E, das 63 instituições federais de todo o pais, está entre as 13 com nota 4.

“Essa nota faz com que participemos de processos. Por exemplo, podemos participar do edital para o Programa Institucional de Internacionalização (PrInt). Só nós, a Ufam e a UFPA estamos credenciadas aqui no Norte. Esse edital vai captar recursos importantes para a Ufac. Além disso, essa avaliação é feita a cada 9 anos. Vamos trabalhar muito na instituição para melhorar ainda mais e, quem sabe, conseguir até nota 5 na próxima avaliação”, ressaltou Guida Aquino.

 Campus de Brasileia e o Parfor

Mais um projeto em andamento na Ufac é o do Campus de Brasileia. De acordo com a reitora Guida Aquino, os planos para o campus no município do Alto Acre foram tirados do papel em 2014. A ideia era já abrir processo seletivo para contratar o pessoal (professores e técnicos) e começar as atividades do campus de Brasileia a partir de 2016. No entanto, o Governo Federal não disponibilizou os recursos necessários para esse concurso, nem para a estrutura do local.

No que deveria ser o campus de Brasileia, há apenas um prédio administrativo na expectativa para receber os investimentos necessários para se tornar a estrutura com cursos relacionados a projetos que a população precisa para alavancar o desenvolvimento da região. Entre eles, estão programados engenharia da pesca e engenharia de alimentos, agrologia e produção.

Neste prédio, Guida Aquino conta que, enquanto não chega o aporte para fazer o campus, a Ufac vai usando-o para estender programas como o Parfor (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica). Ela conta que na semana passada participou da formatura de 62 professores de Pedagogia e Matemática no programa, todos dos municípios e zonas rurais de Epitaciolândia, de Brasileia e de Assis Brasil. E foi um evento muito gratificante.

“Estamos com este programa em 19 municípios. Vamos abrir novas turmas. A nossa meta é chegar aos 22, ou seja, em todo o Estado. Foi muito positiva essa formatura. Conversamos com professores que nos contaram ser os primeiros da sua família a ter curso superior. E daí percebemos que, se a Ufac não chegasse lá nesses municípios, quando que esses professores iriam ter esse tipo de formação? Temos esse compromisso de fortalecer o Parfor e o campus de Brasileia para levar a universidade às pessoas que mais precisam do curso superior”.

 

 

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