Copa do Mundo, evento que socializa desejos, empolga patriotas, os nem tão patriotas assim e expõe talentos. Parece que o evento mundial ainda é mesmo muito apreciado e comemorado em todo o mundo, apesar das críticas, gastos exorbitantes e divulgações de suspeitas de corrupção e vantagens escusas que rondam seus organizadores e patrocinadores.
A Copa, sendo um evento tão grandioso, envolve dimensões também grandiosas: são super estruturas de comunicação, super salários (que não são pagos pelas seleções), super patrocínios, super humanos, super erros e, lamentavelmente, super pressões. É isso: em um momento super, parece que nada e nem ninguém possui o direito de ser aquém das expectativas criadas pelo desejo de vitória e patriotismo, mesmo que sazonal. Ou seja, sejamos patriotas de quatro em quatro anos, mas exijamos dos Cristianos todo o super poder que ele tem diariamente.
“É importante entender que ser bom no que se
faz não é fácil, não é leve e não é eterno”
Mas, será que aqueles homens são tão incríveis assim? Será que eles pertencem a uma categoria emblemática de humanos que não erram, não caem, não se machucam, não chutam para fora, não deixam de marcar gol? Não. Eles não são assim. Eles são falíveis, iguais a qualquer outro. Eles até choram. Perceber que o mundo da bola não é o mundo real das pessoas reais talvez seja o primeiro passo para construirmos relações mais empáticas e duradouras, relações com menos críticas e mais solidariedade.
Também é fato que existem pessoas que se destacam e são muito boas no que fazem e essa imagem é construída, muitas vezes, a duras penas. Ser sempre bom, competente e eficaz parece ser um caminho sem volta, pois não há complacência com momentos de erro, frustração ou derrota dessas pessoas.
Assim, é importante entender que ser bom no que se faz não é fácil, não é leve e não é eterno. Errar faz parte da rotina de todos nós, Marias, Joões, Fernandos, Marianas, Neymares, Antônias, Cristianos e Lioneis. O exercício de empatia continua válido, mesmo para aqueles que estão do outro lado da tela, do outro lado do mundo, do outro lado da nossa vida, pois compreender as emoções do outro sem julgar sempre será motivo para grandes gols de placa.
* Nayra Claudinne Guedes Menezes Colombo é professora, servidora pública, mestre em Letras.
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