“O povo acreano segue na luta, um dia de cada vez”
Não dá mais para dizer que existe bairro tranquilo no Acre. Hoje, a imagem de pessoas com cadeiras de balanço na calçada de casa compartilhando conversa com os vizinhos está apenas na memória como uma mera lembrança. Tentar fazer isso é muito arriscado em um estado onde a violência se espalha como um câncer.
Quando saem indicadores que apontam redução no índice de homicídio em 2018 se comparado com o mesmo período do ano anterior eu só consigo pensar em que loucura foi 2017. Sério, não foi fácil. O ano passado não pode ser referência. Ele foi turbulento, sangrento e deixou rastros marcados pelas facções.
Recordo de quando meus pais falavam do Esquadrão da Morte e as histórias me davam calafrios. Hoje, acredito que o povo sofrido do Acre vive algo pior com a atuação das facções criminosas.
A cidade foi tomada por pichações com as iniciais desses grupos. Não poupam nem escolas. É uma disputa por território que custa a vida de muita gente. A Segurança Pública diz que eles estão se matando. Mas, infelizmente, sabemos bem que tem inocente nessa lista.
O Acre está escrevendo sua história e este é um período escuro, que precisa ser superado.
Nosso Estado nunca foi prioridade do Governo Federal em nenhuma época. Claro, um ou dois presidentes olharam com mais atenção para as terras de Galvez, mas nada que pudesse mudar nossas vidas. O Governo do Estado, os empresários, produtores, comerciantes e, principalmente, a população é que ergueram as cidades.
No entanto, este é o momento que o Acre mais precisa da atuação do Governo Federal. As fronteiras com o Peru e a Bolívia estão escancaradas e é por lá que a droga entra e faz com que as facções disputem esse espaço para ditar quem manda mais.
As polícias atuam incansavelmente nas cidades para prender traficantes e homicidas, mas fica aquela sensação de tentar enxugar gelo. Não dá. O problema não vai ser resolvido apenas assim.
O governo que está aí na administração do país não vai fazer nada. E é justamente por isso que a eleição que se aproxima é tão importante. Precisamos saber quem será efetivo e tomará medidas para guarnecer as fronteiras do Brasil. Contudo, é preciso saber também analisar os candidatos. Cuidando com aqueles que só abrem a boca para falar besteiras. Não seja inocente. Dê o seu voto a quem apresentar um bom projeto.
Enquanto a ajuda de fora não vem, o povo acreano segue na luta, um dia de cada vez, com portas e janelas bem trancadas, porque o perigo está por todos os lados.
* Brenna Amâncio é jornalista.
E-mail: [email protected]