“Fui assaltado”. “Meu carro quebrou a roda por conta de um buraco”. “Não encontrei o remédio prescrito pelo médico na rede pública”. “A escola deu como lanche para o meu filho um copo de suco”…
Quem nunca ouviu algum tipo de reclamação como essa? Por incrível que pareça eu ouvi todas elas ao longo de uma semana. E o clima como fica? Instável, né?! Não temos segurança, a infraestrutura deixa muito a desejar, os postos de saúde parecem só funcionar de fato para algumas pessoas, quando deveria atender as necessidades de todos. E a escola… Onde tudo começa… A indignação foi geral.
Se você que pensa que estou falando de algum lugar longe daqui, pode parar de ler essas linhas, pois essas situações aconteceram na capital do Acre. Em locais tidos como seguros, onde só os barões passam…
“Ou o povo brasileiro de tão cansado de apanhar também prefere seguir o fluxo?”
Nenhum desses fatos (ainda) não me atingiram de fato. Mas, a indignação das pessoas me contaminou. Por um momento me paralisou de medo, de estarrecimento. Como assim, esse tipo de coisa ainda ocorre que as vítimas tratam como situações corriqueiras, banais, comuns?
Ao mesmo tempo que ninguém se dispõe a protestar contra esse aumento, sem noção, da passagem de ônibus, também em Rio Branco. Até mesmo eu. Porque não fiquei sabendo do manifesto. Ou porque felizmente não dependo do transporte coletivo. Mas, a minha diarista sim, então isso me afeta diretamente. Não é?!
Será que são só os políticos que têm culpa no cartório da situação em que o país e o Estado chegaram? Ou o povo brasileiro de tão cansado de apanhar também prefere seguir o fluxo?
Acredito que vale uma reflexão, principalmente, nesse período pré-eleições. Deixar de votar não vai resolver a situação em que estamos. Mas, votar de qualquer jeito e em qualquer um, ou ainda, trocar votos por benefícios também não vai melhorar a nossa vida em sociedade.
O voto é a única arma que temos para mudar a realidade, mesmo que seja para nossos filhos, netos ou bisnetos.
Bruna Lopes é jornalista.
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