
Uma explosão de formatos, traços e cores tomaram forma e ressignificaram dois espaços de Rio Branco neste último fim de semana: a praça poliesportiva da 06 de Agosto e a Rua da África (após a passarela Joaquim Macedo). Isso porque a segunda edição do encontro internacional de grafiteiros – o RB Graffiti, foi promovida entre os dias 7 e 10 de junho, reunindo mais de 80 artistas de 16 estados brasileiros e 7 países: Peru, Nicarágua, Colômbia, Chile, Equador, Itália e Bolívia.
O evento, promovido pelo Coletivo de Artes Urbanas Acreano (CAUA), com apoio cultural da prefeitura de Rio Branco e governo do Estado, por meio das fundações Garibaldi Brasil (FGB) e Elias Mansour (FEM), ainda teve em sua programação debates sobre avanços da arte urbana nacional e internacional, workshops para novos e antigos militantes e simpatizantes do movimento, além de apresentações de bandas locais.
“Tenho certeza que a população de Rio Branco, assim como eu, ficará encantada com a qualidade do trabalho, das expressões muito firmes e muito bonitas que estamos ganhando desses artistas. Queremos agradecer a todos os envolvidos por esse grande presente que deram à nossa capital”, salientou a prefeita Socorro Neri.
Um dos organizadores do evento e representante do Caua, Matias Souza, destacou a importância de um evento da dimensão do RB Graffiti para a cidade: “O Acre ser suporte para 80 artistas é de fundamental importância para o desenvolvimento dos artistas locais, além de proporcionar para a cidade um motivo de reflexão, pois o intuito principal do grafite é, além de questões estéticas, a ideologia”.
Empoderamento feminino – Um dos grafites que chamou atenção de todos os que passavam pela Rua da África era a de uma grande índia mulher, feita com uma técnica diferenciada: pincel de rolo. O painel também foi assinado por um nome feminino: Juliana Costa, de São Paulo.
Ela conta que o rolinho é uma ferramenta comum de pintura, que é possível dar um preenchimento grande, mas que não é usado como ferramenta principal do grafite. “Para mim, o uso desse material foi por facilidade que tive com a trincha”, diz.
Sobre sair de tão longe para participar de um evento que reúne grandes nomes do grafite, ela destaca que acha incrível, pois é um local ideal por estar no coração da América Latina. “É uma satisfação estar aqui, deixando minha arte de uma figura indígena, que é tão importante e representativa para o país”, aponta.
De volta a Rio Branco – Quem já observou alguns dos grafites antigos presentes na capital acreana, provavelmente já deve ter visto pinturas com a assinatura “Tosh”, ao lado. Natural do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Tiago Tosh veio a Rio Branco pela primeira vez em 2009, e contribuiu muito para a arte local.
Ao voltar durante a edição 2018 do RB Graffiti, ele conta sobre o prazer de poder grafitar novamente na cidade. “Meu trabalho, depois de todos esses anos, já se desenvolveu de outras formas, pois os traços ficaram diferentes. Então poder voltar aqui trazendo o mesmo conceito que eu tenho de arte, com mais elementos, e ver que as pessoas ainda têm um carinho pelo o que eu faço, me deixa com o sentimento de gratidão por ter contribuído de alguma forma com o cenário local”, afirma.
Tosh ainda fala sobre o avanço do grafite na capital acreana: “Ver os grafites resistindo aqui na cidade, para mim, é o mais importante, pois eu sei que houve uma época que não tínhamos toda essa liberdade de nos expressarmos como temos hoje”.
