“Dê certas doses de privacidade, mas também
não perca o seu filho de vista”
Você sabe o que o seu filho está fazendo no celular? A pergunta não é uma crítica, mas sim um alerta. A educação que damos a nossos filhos é algo circunstancial e subjetivo. Não existe uma fórmula mágica para ser o melhor pai/mãe do mundo. E nem toda boa educação será capaz de fazer com que seu filho cresça dotado de bons costumes e valores positivos para se tornar o cidadão exemplar do ano, de exímio caráter e inteligência fora dos padrões.
Independente de qualquer modelo de educação repassada, é inegável que pelo menos 5 coisas não podem ser dispensadas, de maneira alguma, ao se criar uma pessoinha: amor, atenção, confiança, controle e muita, mas muita conversa.
Nos dias de hoje, conteúdo virou sinônimo de ‘quanto mais melhor’. No filter é a regra. E isso só remete a ideia de um mundo sem limites, sem barreiras de informação. A única questão é que nós, adultos, pela carga de responsabilidade que nos é imposta, estamos prontos (ou pelo menos a maioria está) para saber lidar com esse mundo digital. A vida e nossos pais de outra geração nos ensinaram bem a por limites no que parece não ter.
Para as crianças e jovens, seres ainda em desenvolvimento, é diferente.
A influência que esses jogos virtuais conquistaram na vida de nossas crianças está se tornando cada vez maior. E não adianta competir com eles. Como vamos competir com algo tão pensado e planejado, meses a fio, para garantir o entretenimento? O problema é que nem todos os apps e joguinhos são bons ou ao menos feitos para entreter. A maioria visa lucros, compras dentro do aplicativo, o que incita a ganância e tira das crianças a noção de como lidar com dinheiro.
Mas os piores mesmo é este segmento de jogos maléficos à saúde mental e física que estão surgindo como uma tendência contemporânea. São joguinhos que brincam com a realidade e sabem explorar bem as vulnerabilidades nestas fases da infância e adolescência. Estes jogos estão atacando de forma certeira os vazios deixados no processo educacional dos filhos. E vão continuar a fazer isso, enquanto os pais se perderem na participação da vida de seus guris.
Nunca é tarde para recuperar a confiança, o amor, a atenção, o diálogo de alguém, ou mesmo retomar o controle sobre que esta pessoa está fazendo. Portanto, mesmo que seu filho pareça se negar a ouvir, mesmo que esteja naquela fase mais ‘difícil’ da aborrescência, nunca deixa de lhe transmitir lições e experiências. Não seja controlador, nem rígido demais. Dê certas doses de privacidade, mas também não perca o seu filho de vista.
Cada espaço que você perde na vida do seu menino/a é uma chance a mais de levá-lo a um caminho errado ou até mesmo sem volta, que pode causar muita dor e destruir sua família.
* Tiago Martinello é jornalista.
E-mail: [email protected]