Eu costumava dizer que a única coisa que havia “de graça” era a salvação, pois todas as outras coisas tinham um preço. Bem.. acho que posso rever essa frase e atualizar o pensamento.
Em tempos de amizades virtuais e relacionamentos líquidos, há mais algo gratuito: o ódio! Ele hoje em dia é expresso com naturalidade, usando eufemismos ou declaradamente, valendo-se da impunidade garantida aos usuários de redes sociais.
Diuturnamente, artistas e anônimos são atacados por aqueles que hoje têm denominação específica: “haters” ou “odiadores”. A liberdade de expressão dada pela internet tem permitido a proliferação de uma espécie nociva à sociedade, grupos cada vez maiores de pessoas que, aparentemente, têm unicamente como objetivo ou ocupação, a tarefa de criticar verozmente toda e qualquer publicação que o alvo de seu ódio ousar fazer.
São tempos perigosos esses que vivemos. Não se pode estar feliz, pois a felicidade ofende ao outro e faz despertar represálias, não se pode copiar a letra de uma música de “sofrência”, pois é a tal da “indireta”, não se pode fazer dieta, pois “você tem que se aceitar”. Eu juro que não entendo!
A internet é o veículo que me permite expressar livremente opiniões ou conquistas, sofrimentos ou perdas, entretanto, qualquer frase mal compreendida por outrem pode dar margem a crítica, repreensão e ao hoje em voga, “ranço”. O tal do ranço é uma maneira (já nem tanto) sutil de dizer ao outro: “eu te odeio!” Para quê? A troco de quê um indivíduo desenvolve tal sentimento por alguém que, por vezes, nunca viu?
Não é necessário concordar e nem admirar, mas odiar? E declarar publicamente esse ódio? Com qual objetivo? Sabe, eu não amo tudo que vejo nas redes sociais, mas aquilo que vão de encontro ao que acredito, cancelo, deixo de seguir, ignoro. E a vida tem seguido seu curso, no meu caso, sem ódio e sem ranço. Aliás, nem gosto desses termos “modinha”. Eles me cansam. Espero que esse também passe, como já passaram o “recalque” e outros mais.
Mais amor, por favor!
Glayce Maria do Nascimento é professora da rede pública formada em Letras/Vernáculo pela Ufac.
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