Dias atrás estava lendo uma reportagem que falava sobre o que os jovens acham da política. O que me chamou a atenção foi o fato de que a cada dez jovens entrevistados, apenas um se dizia ansioso para começar a votar. A grande maioria afirmava que só iriam tirar o título de eleitor aos 18 anos e só o fariam por ser obrigatório. Eles eram categóricos em afirmar que não gostavam de política.
A frase pode até parecer clichê, porém, é verdadeira: os jovens são o futuro da nação. O fato de crescer o desinteresse desses jovens pela política me preocupa e muito, pois, se realmente eles são o futuro, então, o que podemos esperar deles?
Acho que deveria se abrir um amplo debate nas escolas sobre a importância da participação consciente da juventude na política brasileira, afinal, os maiores movimentos dentro do contexto político foram realizados pela juventude. Quem não lembra da participação dos jovens no impeachment do presidente Collor, em 1992. O movimento dos “caras pintadas”.
Há 22 anos, a juventude brasileira tomava as ruas de todo o País, vestidos de preto, com as caras pintadas de verde e amarelo, gritando “Fora, Collor”. Acreditavam que iam derrubar o presidente e, foi exatamente isso que aconteceu, eles conseguiram tirar do poder o maior representante de uma nação, o presidente da República.
O impeachment de Collor é um dos exemplos que mostra a importância e a força que o jovem tem na política e no destino de país.
Nas eleições de 2010, havia 2,3 milhões de eleitores de 16 e 17 anos no Brasil. Em 2014 o número chegou a 1,6 milhões, uma redução de 0,61%. No Acre, também ocorreu uma queda de 0,83%. Atualmente, apenas 2,72% do eleitoral é juvenil.
Se números assim permitem constatar o desinteresse do jovem no exercício de um direito seu, é o caso de perguntar as razões desse fato. Por que os jovens parecem ter perdido o interesse pela política? O que explica o crescente número de jovens que não faz questão de tirar o título de eleitor e de votar?
Acho lamentável que este desinteresse esteja aumentando, pois, a renúncia ao exercício de um direito, tão imprópria do idealismo juvenil, mostra o grau da frustração do adolescente. É um tiro na democracia e uma vitória dos demagogos, dos desonestos, dos oportunistas e dos que vivem de costas para a ética.