Quando você decidir sair da rotineira rotina, porque é filho de Deus, sugiro que vá conhecer os rio na Amazônia. Pense! É uma viagem terna – eterna. Vá margeando as curvas dos índios e dos homens. Saboreie o ar puro das manhãs, enquanto as plantas ainda tem flores, frutos e folhas. Vá… enquanto a esperança dorme contigo.
Se durante a viagem você se deparar com uma nuvem carregada, pesada… querendo lhe dizer que aqui a chuva nunca tira folga, é porque os anjos entendem que viajar de rabeta pelos rios, aumenta o brilho nos olhos e ilumina a alma. Então vá, durma à sombra das árvores e molhe seus pés nos igarapés, como se fosse dançar na varanda dos sonhos.
Na Amazônia sul ocidental é assim, quando a nuvem desaba, os rios enchem até a tampa. As curvas desaparecem e se perdem na distância das águas altas. Nesse instante, você vai conhecer o espetáculo da água na natureza: vai assistir a mata se encher de júbilo e alegria. Ah! Lembre sempre… o rio é o que nos faz ser gingante.
“Ao entardecer, o canto dos pássaros faz a
Amazônia se tornar um hinário gigante”
Se você decidir viajar no verão, a viagem vai demorar um pouco mais, contudo… você pode descobrir o encanto das praias fluviais mais deslumbrantes que alguém possa imaginar. Perceberá que os rios amazônicos correm em todo planeta de maneira especial. Vai sentir o rio molhar seu rosto, com as flores do ipê roxo.
Ao entardecer, o canto dos pássaros faz a Amazônia se tornar um hinário gigante. Nesse lugar também, os rios e os afluentes são os maiores criadouros na vida aquática do planeta. Como alguém pode definir esse lugar mágico? Desafio você experimentar e me devolver com palavras.
Com rugas a menos, vamos pela beira borbulhando emoção em cada gole d’água. Se for necessário, acene para a corredeira que seus sonhos sonham conhecer – os mistérios que submergem no encontro das águas.
*Claudemir Mesquita é professor, geógrafo, escritor, membro da Academia Acreana e Letras e Presidente da Associação Amigos do Rio Acre.