O germe da violência desponta no interior da gente. A destemperar corações distraídos ou anestesiados.
Surge quando permitimos que o medo seja maior do que o amor.
Quando consideramos razoável a ideia de ter inimigos e empregamos nosso tempo e vitalidade em combatê-los.
Quando colocamos nossos desejos sempre em primeiro lugar, ignorando as emergências e necessidades dos demais.
Quando deixamos de confiar em nossa capacidade de resolver os problemas pacificamente e fazemos uso de agressões morais e físicas, admitindo que ferir alguém possa ser uma medida razoável na solução de conflitos.
Quando não respeitamos formas de ser diferentes da nossa, aprovando a circunstância de que outros seres humanos sejam submetidos a hostilidades.
“A nós, apenas a consciência da unidade acudirá”
Quando respondemos à violência com mais violência, sem assumir que estamos perpetuando esse terrível círculo vicioso.
Quando negligenciamos nossa responsabilidade de cidadãos para dar crédito às vozes equivocadas do autoritarismo, sempre indicativas de fragilidade moral e cognitiva.
Quando, desmemoriados, esquecemos que as guerras, civis ou militares, apenas trouxeram mais sofrimento à humanidade, especialmente aos mais frágeis e inocentes.
Quando acompanhamos o comportamento ruidoso da multidão, sem nos deter para escutar o que o próprio discernimento nos aconselha a fazer.
Quando não avaliamos o possível potencial ofensivo de nossas palavras antes de pronunciá-las e findamos por criar indisposições contra nós.
Quando nos deixamos governar pelo orgulho e pelo egoísmo, desconhecendo o poder transformador da do diálogo e da cooperação.
Quando não enxergamos, além das aparentes individualidades, a unidade em que estamos todos reunidos. A nós, apenas essa consciência acudirá, guarnecida da amorosidade e da coragem para sustentar, em palavras e atitudes, a bandeira da paz.
Onides Bonaccorsi Queiroz é jornalista, escritora e autora do blog verbodeligacao.wordpress.com
E-mail: [email protected]