“A eleição deste domingo próximo, muito além da avacalhação e do despautério, promovidos via “redes sociais”, refletem os legítimos anseios do povo.”
A minha primeira eleição, quando eu tinha apenas uma superficial consciência do evento, foi no ano de 1960 em que Jânio Quadros, com a sua marchinha “O homem da vassoura vem ai…”, ganhou de “lavada”. Contudo, com apenas 10 anos de idade, não me era facultado o privilégio ou a prerrogativa de votar!
Vale ressaltar, que esta foi a última eleição para presidente antes da ditadura militar de 1964. Depois desta eleição, para presidente, só ocorreu outra 29 anos depois (1989) em que Fernando Collor, caçador de marajás, entre aspas, foi eleito no segundo turno. Então, votei pela primeira vez para presidente da República do Brasil, 39 anos depois de nascido. Todavia, desculpem os cacoetes de linguagem, neste domingo 07/10/2018, vou exercitar, com alegria de menino, o mais pleno dos direitos duma democracia: A prerrogativa do VOTO!
A prerrogativa do voto é a homologação mais categórica ou emblemática duma democracia. É, no caso específico do Brasil, a confirmação da maioridade democrática brasileira. É a confirmação, entre outros avanços do processo democrático e conquistas sociais, da promulgação da primeira Constituição de raiz efetivamente democrática de nossa República que, neste ano de 2018, salvo engano, completa 72 anos!
A prerrogativa do voto permite ao povo a possibilidades de progresso, equidade, cidadania e, especialmente, a “purificação” do poder público. Por outro lado, faz valer os direitos legais dos cidadãos num contexto de Estado Republicano.
A prerrogativa do voto traz, igualmente, aos cidadãos comuns grandes aprendizados. Aliás, no que cabe a mim, é uma oportunidade ímpar ao julgamento equivocado e precipitado de políticos profissionais do Brasil, que vivem a apregoar, aos quatro cantos da nação, que nós brasileiros, ainda não estamos preparados ou educados suficientemente para eleições em que o voto não seja obrigatório. Nesse caso, vou pela prerrogativa do exercício do voto, cheio de expectativa de um dia, quem sabe, aprender a votar. “Legal, nhé!” diria o Benja do programa Fox Sports Rádio!
A eleição deste domingo próximo, muito além da avacalhação e do despautério, promovidos via “redes sociais”, refletem os legítimos anseios do povo, achacado, infelizmente, por uma realidade cruel. Abro aspas, para dizer uma coisa óbvia: “Não podemos negar, que esta eleição, ocorre em meio às muitas queixas. Afinal, todos se queixam: governadores, governados; prefeitos, munícipes; ministros, senadores e deputados; velhos, jovens; fortes, fracos; sábios, ignorantes; sadios, doentes; de todos os municípios; de todas as idades e de todas as condições sociais, diria Pascal.”
Assim, a prerrogativa do voto, aqui em Rio Branco, ou em qualquer lugar da pátria mãe, é permeada, cheia mesmo, da esperança renovada; esperança circundada pela expectativa, quase angustiante, de dias menos aperreados, sobretudo, para os que sofrem na pele as agruras de não ter, no dia-a-dia, especialmente, os serviços públicos almejados.
É, também, o voto da quimera, do sonho de desejar que os nobres candidatos que forem eleitos, senadores e deputados estaduais e federais, governadores e, o novo presidente, senão houver a necessidade de 2º turno, entendam finalmente que num sistema republicano, em que o povo exerce soberania, ninguém é dono do poder. Afinal, mesmo tenho uma grande maioria do “arraial” manipulada, notadamente pelos números das pesquisas de intenção de votos, diz- nos um velho clichê que: “o poder emana do povo através do povo.” Saibam, todos eles, que o Estado, num sistema democrático, pelo menos na teoria de alguns antigos pensadores (Hobbes e Locke) é uma entidade subalterna aos indivíduos; que a política é um confronto de idéias, não um balcão de negócios altamente rentável.
Que nestas eleições, através da prerrogativa do voto, sejam resgatados: o caráter coletivo; a ética e a consciência política das pessoas; os valores democráticos que têm sido corroídos pela postura de maus políticos, que praticam a política da amoralidade e dos conchavos partidários. Que o Brasil seja livre: dos arremedos de democracia e; do totalitarismo extremado, tanto da direita, quanto da esquerda.
Francisco Assis dos Santos é humanista.
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