Vamos falar de rótulos. Sim, rótulos. Não aqueles que são colocados nas embalagens, no que está a venda, mas os que colocamos uns nos outros e em nós mesmos. Parece inverídico e cruel. E é mesmo. Parece que o mundo é feito de dedos apontados e padrões individuais quando, na verdade, o que é bom para uns pode ser péssimo para outros.
Mas, por que nos esforçamos diariamente para etiquetar pessoas com padrões, comportamentos aceitáveis, vestimentas recomendadas, atitudes desejáveis ou respostas esperadas? Por que não levantamos bandeiras que permitam as pessoas serem como elas são? Por que a vida do outro é tão mais interessante do que a de algumas pessoas? Essa última é uma pergunta retórica, portanto contém um quê de resposta.
É fato que há padrões sociais que devem ser respeitados por todos afinal, educação e atitudes de respeito não saem de moda, mas o que extrapola a fronteira entre social e privado nunca é da conta de ninguém. Quem disse que homem bonito é o de barba? Quem disse que mulher bonita usa cabelo solto? Quem disse que gente magra é mais bonita que gorda? Onde está escrito que mulher não pode beber ou que homem tem que gostar de futebol?
Talvez, olhar para o outro enquanto ser humano seja o início de uma relação de mais alteridade e menos preconceito. Talvez, só talvez mesmo, olhar para si com menos cobrança e mais empatia seja suficiente para que cada um se aceite como é sem se preocupar com comparações, pois viver em sociedade não precisa ser um fardo constante.
Desse modo, quando nos livramos do peso de carregar os rótulos que nossos pares nos dão e os que nós colocamos sobre nós e sobre os outros, as relações se tornam mais prazerosas, as cobranças e críticas diminuem. A generosidade só emana quando conseguimos ser generosos conosco e assim, quem sabe um dia, vamos perceber que a grama do vizinho nem é mais verde que a nossa.
Nayra Claudinne Guedes Menezes Colombo é professora, servidora pública, mestre em Letras.
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