TPM ou Tensão Pré-Menstrual. Ou ainda o inferno para mulheres e todos à sua volta. Ela existe e é real. Um verdadeiro demônio escondido e que vem à tona alguns dias por mês.
De uma hora para outra, a temperatura do corpo muda, os exageros ocorrem, até mesmo como a mulher se vê no espelho é diferente do que era há um dia. Algumas vezes quer comer o reboco das paredes de casa ou uma trava na garganta evita que até mesmo a água desça normalmente.
E a irritação? Com a respiração do outro ou a sua própria. O menor ruído incomoda, tira do sério. Os perfumes preferidos agora dão dor de cabeça. E o minúsculo grão de areia dentro de casa é motivo para uma briga com o marido.
Como pode uma pessoa querer matar outra e ao mesmo tempo cair aos prantos porque a tinta da caneta preferida acabou? Besteira, né? Se tivesse tendência a ser homicida, essa mulher mataria alguém de fato, porém, tentaria salvar aos prantos.
Tudo isso regado a muita ansiedade, enjoos, espinhas, raiva sem razão e outras coisinhas mais. Parece brincadeira. Parece frescura. Mas, saiba que essa mulher está doente e ela sofre mais do que ninguém, porque, ao mesmo tempo em que ela dá uma patada, esse coice dói mais nela do que na própria vítima.
Isso porque nem falamos do inchaço, dores e mais dores, sono ou insônia. Sintomas que alteram a qualidade de vida, além de atrapalhar e incomodar as atividades diárias. Nesses casos, a recomendação é procurar um médico. Pois bem… Muito bem…
“Sintomas que alteram a qualidade de vida, além de atrapalhar e incomodar as atividades diárias”
Daí você pensa em ir ao hospital público com sintomas de TPM, e isso é quase ultrajante. Pessoas morrem todos os dias nesses locais. Pessoas com doenças de verdade.
Contudo, a TPM atinge não só as mulheres de baixa renda. Daí uma mulher com um pouco mais de condições financeiras, no auge do desespero, busca atendimento na rede particular. Recepção ok. Pré-consulta ok. E aí chega a hora dela entrar no consultório.
Nervosa, morrendo de vontade chorar, com dores e se sentindo fraca, por estar naquela situação. O médico pergunta o que ela tem e ao falar ela se descontrola. O profissional do sexo masculino e que nunca vai passar por isso, de forma irônica, prescreve os medicamentos que ela deve tomar na veia.
Mais do que a vontade de melhorar e sair daquela situação constrangedora, a mulher que está com o demônio na pele tem vontade de virar a mesa em cima do médico. Talvez só assim para ele tirar aquele sorrisinho da cara. O ódio é tão grande que ela passa um bom tempo tremendo.
Dois dias depois, a vida volta ao normal. As dores passaram, a irritação também. A vida volta a ter cor. Agora é esperar se no próximo mês a mulher cometerá um homicídio ou não.
BRUNA LOPES é jornalista