O exame de DNA confirmou que a ossada achada nos fundos de uma chácara em Rio Branco, no dia 23 de agosto, pertence a adolescente Amanda Gomes de Souza, de 14 anos, que desapareceu no dia 5 do mesmo mês, com outros dois amigos que também foram achados mortos no bairro Taquari.
O resultado foi divulgado na quinta-feira, 18, pelo diretor-geral do Departamento de Polícia Técnico Cientifica, Elvis da Silva Mâncio, e pelo delegado Rêmulo Diniz, que investiga o caso na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Nesta quinta, o pai da adolescente, Francinilson de Souza, disse que ainda não foi notificado do resultado. Porém, lamentou e disse que havia perdido as esperanças de encontrar a filha com vida após a amiga dela ter sido achada morta.
“Eu que fiz o reconhecimento lá [da Amanda], e nem fui tanto pelo vestido que era dela, mas pelo cabelo”, relata.
Ao todo, 17 amostras foram coletadas dos restos mortais da adolescente. O objetivo, conforme o diretor-geral, era obter um resultado categórico e inquestionável para esclarecer o caso. Com o resultado, os restos mortais vão ser liberados para a família para que sejam sepultados.
“O material analisado era complexo. Mas, diante disso, tivemos um resultado satisfatório, contundente e bem claro onde não restou dúvidas de que os restos mortais apresentados para perícia são realmente da desaparecida Amanda. É importante destacar que não fizemos apenas um exame, mas várias repetições até que não houvesse dúvidas”, afirma.
Mâncio também falou sobre a demora para obter o resultado do exame que foi feito em Rio Branco e levou mais de um mês para ficar pronto. Ele relata que tiveram dificuldades de ordem técnica devido à dificuldade de extrair o perfil genético da amostra óssea.
“Além disso, o material tinha sinais avançados de degradação. Outra questão técnica é que nosso perito criminal estava passando por uma capacitação para a complementação de outros exames de DNA. Então, ele estava afastado e ao retornar deu continuidade ao trabalho”, destaca.
Decomposição
O delegado Rêmulo Diniz falou sobre os aspectos em que foram encontrados os restos mortais de Amanda. Segundo ele, a rápida decomposição do corpo da adolescente foi causado devido à interferência de animais como urubus, cachorros e insetos ao ser exporto em uma área de mata, além de, após morta, ela ter sido queimada.
“A carne dizimou praticamente toda e os ossos sofreram ressecamento. Então, para tirar o DNA de um material desses é preciso de técnicas ainda mais avançadas e o trabalho e processamento demoram. Antes esses exames eram feitos em Brasília e agora é feito no Acre”, destaca.
Inquérito encerrado
Com o resultado, o delegado afirma que o inquérito foi encerrado e vai ser encaminhado para a Justiça. Segundo ele, com a prova os acusados Clenilton de Souza, de 26 anos, e Francimar da Silva, de 27 anos, que foram presos no último dia 6 de outubro, no bairro Taquari, agora passam a responder por triplo homicídio.
Além disso, os dois vão responder por organização criminosa, ocultação de cadáver e vilipêndio – quando após a morte o cadáver é violentado – como no caso de Amanda que foi queimada e teve os dentes arrancados.
Diniz destaca, no entanto, que as investigações não param, mas o objetivo não é mais esclarecer a autoria dos homicídios e sim se verificar se houve participação de terceiros na ocultação dos cadáveres.
“Eles tentaram esconder de todas as formas a responsabilidade deles ocultando os cadáveres e destruindo provas. Eles já estavam presos pelos dois homicídios, mas aguardávamos essa terceira confirmação, pois eles vão responder de forma individual por cada crime e também pelo triplo homicídio”, explica.
Desaparecimento e mortes
Além de Amanda, de 14 anos, os adolescentes Vitor Vieira de Lima, de 18, e Isabele Silva Lima, de 13, também desapareceram no dia 5 de agosto após saírem da feira agropecuária Expoacre, no Segundo Distrito de Rio Branco. Todos foram achados mortos no bairro Taquari onde moravam.
Lima foi achado dias após o sumiço. De acordo com o delegado, ele foi esfaqueado e atirado dentro de um poço ainda vivo e morreu afogado. Já Isabele foi achada morta em uma área de mata.
Já no dia 23 de agosto, os ossos de Amanda foram encontrados pela polícia. A ossada estava em formato de triângulo. Outra particularidade é que faltavam quatro dentes da parte da frente no crânio e havia sinais de que o corpo da vítima tinha sido queimado.