Quantas Marias estão passando por essa mesma situação? Questionava aos prantos, uma amiga de Maria em choque ao saber da notícia da cirurgia de alto risco em que ela tinha sido submetida e que ainda por cima aguardava por uma vaga na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI).
“A gente chega bem e sai doente. Dormi no chão. Nem mesmo cadeira tinha”, comentou Rosa, que estava acompanhando o filho durante o tratamento de uma pneumonia grave no mesmo hospital em que Maria passou pela cirurgia.
Duas situações que retratam a qualidade do Sistema Público de Saúde. Casos que poderia perfeitamente se encaixar em qualquer outro estado brasileiro, mas que ocorreram em Rio Branco, no Acre.
Não se sabe os motivos que levaram essas mulheres a passar por esse tipo de situação. Só o sentimento de revolta e incapacidade é que nos consome. Falo isso, porque não é difícil encontrar pessoas que já tiveram o seu direito a saúde negado. O mínimo que seja.
Justo nós, que pagamos tantos impostos. Sofremos para sair daqui, seja por ar ou por terra. Pagamos pela gasolina mais cara do país. Para alguns moramos no fim do mundo, nos cafundós dos Judas…
“Só o sentimento de revolta e incapacidade é que nos consome”
Acreano sofre e tem sofrido muito. Se tem carro, dirige com medo de ser abordado por assaltantes. Se depende do transporte coletivo, tem receio dos arrastões. Se anda a pé, além de sofrer com o calor ou com a chuva, ainda tem os assaltantes também…
Se evita sair de casa por conta desses problemas, os bandidos vão até lá para buscar o que querem. Se tem alergia a dipirona, paracetamol ou buscopan vai para casa com dor.
Se precisa de cirurgia ou exames, precisa aguardar por meses ou anos. Como desfazer tanto descaso? Como desver o que foi visto. Como tirar a sensação de abandono quando mais se precisa?
Quantas Marias e Rosas ou outras tantas pessoas que precisam do mínimo ainda vão padecer em busca de uma melhor e digna qualidade de vida? Até quando veremos situações desumanas?
Bruna Lopes é jornalista