A violência não tem lugar determinado para aparecer. Pode surgir entre inimigos, no meio de uma discussão, no trânsito, na escola, na rua e até mesmo no que deveria ser mais improvável: no lar.
Infelizmente, notícias de violência doméstica chegam às delegacias diariamente. No Brasil, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de alguma forma de violência. Um… dois! Neste exato momento alguém sofre e pode estar muito próximo de você. Talvez uma vizinha, uma colega de trabalho, uma amiga ou até mesmo alguém sob o mesmo teto.
Com tristeza, deparei-me com a matéria sobre uma mãe que precisou fugir de casa com os filhos para protegê-los do esposo, padrasto das quatro crianças.
A família vive no quilômetro 25 do Ramal da Limeira, zona rural de Senador Guiomard, e, como o local é de difícil acesso, a polícia demorou para conseguir chegar após ser acionada. A mulher e as crianças foram localizadas andando pelo ramal.
No boletim de ocorrência, os relatos são de que o homem, que já possui um histórico violento, quebrou a costela de um dos meninos e a mão de outro.
Essas quatro crianças cresceram cercados pela violência e foram vítimas de um homem cruel. Enquanto deveriam ter carinho, elas receberam dor, medo, sofrimento. Então, como quebrar esse ciclo da violência se tudo o que elas conhecem é isso?
A mãe, com medo, agora aguarda por ajuda, proteção, seja ela das autoridades ou divina. Tudo é bem-vindo.
Quantas mulheres e crianças vivem um verdadeiro inferno dentro da própria casa? Quantas ainda precisam ser feridas ou mortas para o sistema conseguir por um fim a isso?
No meio de histórias como essa, uma luz cintilante, um brilho de esperança. Esse farol iluminado tem nome: Patrícia Amorim Rêgo. A procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Acre (MP/AC) coordena uma equipe multidisciplinar, responsável por acolher vítimas de crimes sexuais, homofobia e casos de violência doméstica e familiar, que formam uma parcela de pessoas extremamente vulneráveis. Seu trabalho foi reconhecido recentemente pela Revista Marie Claire e Instituto Avon ao receber o Prêmio Viva, na categoria Justiça.
É bom saber que existem pessoas lutando pelos mais vulneráveis para que um dia eles possam ter segurança de fato.
Parabéns à Patrícia Rêgo, aos envolvidos nesse belo trabalho e a todos que enfiam a colher na briga de marido e mulher! Parabéns a todos que não se omitem diante da violência! E a você que sofre algo parecido, quero que saiba que não está sozinha. Denuncie.
Brenna Amâncio é jornalista.
E-mail: [email protected]