De todo louvável essa decisão do Tribunal Regional Eleitoral em suspender ontem a diplomação dos deputados federal e estadual, Manuel Marcos e Juliana Rodrigues, respectivamente, ambos do PRB, acusados de desvios de recursos do fundo partidário na chamada “Operação Santinhos” deflagrada pela Polícia Federal.
Embora ainda caibam recursos – sempre os tais recursos – a decisão do TRE ao negar o habeas corpus interposto por seus advogados serve para denunciar uma afronta diante das evidências de abusos e manipulações que muitos políticos praticam com o chamado fundo partidário, que é recurso público e deveria ser usado para outras finalidades e necessidades da sociedade.
Ao invés disso, como se divulgou, as investigações realizadas pela Polícia Federal detectaram, por exemplo, que um dos acusados aparece em conversas gravadas pedindo dinheiro para comprar cestas básicas para distribui-las entre pastores de sua igreja do interior do Estado.
Em outra passagem, o mesmo acusado afirma que precisa de dinheiro para consertar o carro de um pastor, que providencie gasolina para outra pessoa e o combustível seria trocado por votos. Enfim, como se assinalou, essas e outras patranhas foram praticadas ao longo da campanha eleitoral com dinheiro público, além de práticas condenáveis pela legislação eleitoral e mais reprováveis ainda considerando que os dois acusados pertencem a uma igreja evangélica.
Infelizmente ou desgraçadamente, enquanto não se mudar essa legislação eleitoral que vigora neste país, casos como este e outros continuarão acontecendo como uma afronta à sociedade.