O escritor inglês Alastair Humphreys publicou no último dia 12 um vídeo sobre a diferença entre o urgente e o importante. Ele está escrevendo seu nono livro e resolveu se recolher em uma casa (na verdade uma quase casa, quase caverna, quase buraco em uma pedra) sem luz, nem água para livra-se de distrações que o impediam de concluir o projeto.
Do lado de lá, são dois minutos de montanhas, banhos gelados em pequenas cachoeiras, velas acesas, chás quentinhos. Do lado de cá, um desejo enorme de experimentar esse silêncio, esse se dedicar a um projeto único, essa loucurinha de desligar o telefone e deixar tudo para trás mesmo que com hora para voltar. A aventura de Alastair, por exemplo, durou 3 dias. O ponto final livro, ele confessa nas legendas finais do vídeo, ainda não foi digitado.
Para alguém que nunca acampou, nunca dormiu nem na varanda, a alternativa do escritor soou quase como um chamado. Há de experimentar o novo para mudar, para mandar embora o que nos desconcentra. Como que alguém acostumado a passar horas diante do computador entre teclinhas e anotações tem uma ideia dessas?
Veja bem, já inventaram o google. A um enter de distância descobri que Alastair não é esse alguém. Antes de ser escritor, ele já correu maratonas, atravessou distâncias absurdas de canoa e bicicleta, fez expedições no gelo, subiu montanhas. Para se ter uma ideia, o homem foi eleito, em 2012, AdventureroftheYear pela National Geographic.
Há, inclusive, uma chance gigantesca de que eu seja a última pessoa do mundo que não o conhecia, e de que esteja aqui lhe contando sobre alguém que lhe é familiar, já que seu livro, atenção para o título, Grand Adventures chegou ao top 8 mundial da Amazon.
Três dia na casa de pedra para ele era um refresco. Só um refresco. Para mim, seria o extremo absoluto, seria a Grand Adventure definitiva. O que me faz voltar ao título desse texto. O que é só uma urgência para você, pode ser a coisa mais importante do mundo para mim. O que é uma novidade curiosíssima para mim, pode ser história antiga para você. A possibilidade do silêncio pode representar um presente para uns e um martírio para outros. O mundo é mesmo enorme. Nossa!
Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu – Verdades inconfessàveis sobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…
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