O famoso discurso do “Pior do que tá não fica” foi quase que um jargão neste último processo eleitoral. De frase irônica pronta passou ao patamar de argumento e até fator determinante para o voto. Mas, agora a eleição passou, e volta aquela velha e dura realidade que todos nós conhecemos bem. Aquela que pesa no bolso.
Dólar andou baixando alguns dias, mas foi pura ilusão, pois agora já voltou a encostar nos R$ 4,00 de novo; Preço da gasolina estava em baixa, mas voltou a subir nos últimos dias (reflexo da desvalorização da nossa moeda); mais de 8% de reajuste para o gás de cozinha; e, como facada final, anúncio de aumento de mais de 20% na tarifa da energia elétrica.
Certamente, não vai parar por aí. Ano que vem tem muito “mais”…
E o reajuste no salário mínimo para acompanhar isso tudo deve ser, no melhor dos cenários, de super hiper mega power 5,45% (equivalente a 52 reais a mais).
Sábio mesmo é o ditado que diz que “nada é tão ruim que não possa ficar pior ainda”. E mais sábios ainda são os que não aceitam inertes essa realidade que diante de nós se esbanja e nos ridiculariza. Os que não se mostram apáticos em meio às tempestades e instabilidade do cenário político-econômico em que nosso Brasil está afundado.
“Quem faz ficar pior ou melhor somos nós mesmos”
Não dá mais para guiar nossas vidas por notícias e fatos políticos, até porque eles se parecem mais com ficção, série da Netflix, do que com qualquer outra coisa. A triste realidade do nosso país é que uma grande parte (não são todos) dos que ingressam na vida política o fazem para ficar rico, por interesses pessoais, por poder e por mordomias. Poucos são os vocacionados.
A consequência disso está estampada aí todos os dias nas nossas manchetes: corrupção desenfreada e pouco ou quase nenhum zelo pelo patrimônio e pela máquina pública. Nossas prisões já estão quase para instalar um pavilhão dos colarinhos brancos.
Os interesseiros representam uma grande parte dos nossos agentes políticos, e que mancham a obra dos que assim não o são; dos que tentam fazer diferente e ainda lutam pela justiça social, pelas pessoas.
Quem faz ficar pior ou melhor somos nós mesmos. Devemos fazer de tudo para evitar que o nosso sucesso dependa de político “A” ou “B”. Enquanto só entregarmos nas mãos deles, sem resistir, sem questionar, sem agir, viveremos submersos no mar das incertezas.
Tiago Martinello é jornalista.
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