Nos últimos meses, a palavra que mais tem sido escrita e falada no Acre é “agronegócio”. Mas, enfim, o que o termo quer dizer? Em uma pesquisa rápida ao dicionário, a palavra nos remete ao conjunto de negócios relacionados à agricultura e pecuária dentro do ponto de vista econômico.
Feita essa breve introdução, é importante dizer que o agronegócio pode ser compreendido em três partes: a produção no campo (dentro da porteira); a pré-porteira, que seria o fortalecimento do comércio de insumos agrícolas; e a terceira parte seria a comercialização desses produtos, que envolve a venda, transporte, beneficiamento, até chegar ao consumidor final.
Entretanto, para que toda essa logística aconteça é necessário preparar o homem do campo. O que isso inclui? Inclui fortalecer a assistência técnica. O número de técnicos agrícolas precisa ser suficiente para atender a todos, principalmente o pequeno e médio produtor. É necessário também descobrir a vocação de cada área, o que cada produtor pensa em plantar, o que o mercado pede. O Acre tem uma mentalidade diferente de Rondônia. Ainda estamos muitos arraigados à produção manual.
Nesse sentido, penso que é necessário, primeiro, organizar os produtores. A cultura da soja, por exemplo, ficará mais restrita aos grandes agricultores, mas é preciso pensar no pequeno. Acredito que a produção de leite, o cultivo de frutíferas e o apoio à piscicultura são os caminhos para serem implementados juntos aos pequenos agricultores e extrativistas. Há localidades que continuarão vivendo do extrativismo.
Para tudo isso sair do papel, o governo precisará formar os jovens. Ensinar aos jovens o gosto pelo campo e isso será feito com a Educação. É preciso pensar a reativação do Colégio Agrícola para que ensine atividades práticas. É preciso qualificar mão de obra.
Por outro lado, acredito que quatro anos não serão suficientes para que tudo isso aconteça. Será uma mudança de mentalidade em muitos setores. Melhoramento dos ramais para escoar a produção, conversas com redes de supermercados. Não sou economista, não é minha formação, mas não precisa ir a fundo para saber que não teremos um salto econômico de imediato. Isso se dará gradativamente. Contudo, claro, precisa ser iniciado.
As ideias são interessantes e, além dessa produção no campo, a terceira fase se faz importante. Um laticínio ou mesmo um frigorífico vai absorver grande mão de obra de jovens. Vai gerar empregos nas cidades. O Acre precisa fortalecer a sua base enérgica. Não podemos depender de um linhão impondo aos produtores perdas por conta dos constantes apagões. É preciso pensar grande, mas é preciso também pensar no micro.
José Pinheiro é jornalista formado pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e desde 2012 milita na imprensa acreana.
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