“Enquanto tentamos nos reerguer das finanças, eles se fortalecem”
Vivemos tempos difíceis no Acre. O crime pelas bandas de cá não está para amador. O negócio ficou organizado mesmo. As facções parecem se fortalecer nas sombras, muito além do que as luzes podem tocar.
É um tanto surreal pensar que pessoas escolhem seguir esse caminho, tendo em vista que quase todos os dias a guerra entre facções faz novas vítimas. Na página de polícia está registrada apenas a morte, um ponto final na história que não durou muito, afinal, a maioria dos envolvidos são jovens, muitos até adolescentes.
Se você for a um Centro Socioeducativo ou a uma penitenciária vai ouvir dos próprios adolescentes e detentos que o destino de quem entra no crime é a morte. Eles sabem, mas há algo muito atrativo aos seus olhos para que optem em fazer parte de uma facção, e essa isca é o dinheiro.
Na última quarta-feira, 6, uma operação integrada entre as polícias Civil e Militar resultou na apreensão de 79 mil dólares em espécie, o equivalente a R$ 293 mil. O dinheiro em moeda estrangeira estava com três homens suspeitos de integrarem uma facção criminosa. Estamos falando de muito, muito dinheiro.
Esse foi apenas um trio que circulava com dinheiro em busca de comprar entorpecentes para revender o produto ilegal no Acre. Agora, apenas imagine o quanto circula nesse momento em nosso estado e que a polícia desconhece!
Assustador ver o quanto essas organizações criminosas possuem poder aquisitivo. Como combatê-los à altura se o próprio governo diz que o Estado está quebrado?
Os policiais que vão para as ruas, ainda que pouco reconhecidos, são guerreiros. E é desses trabalhos de inteligência, com operações integradas de segurança que a situação atual do Acre necessita. E, ainda assim, é pouco.
A vontade de tornar este estado seguro é grande. Dá para perceber nas autoridades competentes, mas é preciso mais. Enquanto tentamos nos reerguer das finanças, neste exato momento, eles se fortalecem. Não podemos dar tempo para isso.
* Brenna Amâncio é jornalista.
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