Fico revoltada quando vejo um pai ou uma mãe descarregando problemas nos filhos. Brigas e ofensas ditas na frente das crianças podem ter uma grande, e desnecessária, contribuição na formação desses jovens.
No divórcio, alguns adultos usam os filhos, frutos da união que já existiu, para fazer guerra psicológica. Colocar uma criança no meio disso é um dos maiores pecados contra a família. Isso é a chamada alienação parental.
Em alguns casos, os pais ignoram a responsabilidade sobre uma vida e transferem os seus deveres para terceiros. Esses não podem e nem merecem cobrar respeito das crianças um dia.
A família é tão fundamental para a formação de uma pessoa, que, segundo dados do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), a maioria dos adolescentes em conflito com a lei internados nos Centros Socioeducativos não possui a presença paterna em casa. Nessas situações, ou o pai está preso ou ele nunca assumiu o filho. Os mais sortudos pelo menos recebem uma pequena ajuda financeira no final do mês.
Crianças que vivenciam a violência dentro da própria casa, local onde deveriam ser amparadas, podem se tornar adultos infelizes, revoltados e indisciplinados.
Eu vejo constantemente campanhas na mídia pedindo um mundo melhor, mas, francamente, será que todos nós fazemos a nossa parte? Será que somos pacientes com as nossas crianças? Nós realmente contribuímos positivamente para o desenvolvimento adequado dos jovens?
Culpá-los quando cometem uma besteira, todos sabem. Porém, chegar perto, sentar ao lado e conversar para diagnosticar o real motivo por trás de uma atitude, nem sempre é uma opção.
A verdade é que enquanto não deixarmos de sermos pais estúpidos e pessoas indiferentes, não conseguiremos dormir tranquilos à noite. Ou vão nos roubar, ou vão nos tirar a vida. Porque os assassinos são filhos de alguém, e muito provavelmente, não tiveram amor no seio familiar.
Se você tem a chance de ser uma referência positiva na vida de alguma criança, seja. Não espere o amanhã. Vidas podem ser salvas por meio dessa ação. Talvez você não enxergue isso hoje, mas, um dia, os frutos estarão doces na árvore, prontos para serem degustados.
* Brenna Amâncio é jornalista.
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