O acreano tomou um baita susto este mês ao receber sua conta de energia. É que após queda da liminar que suspendia o reajuste de mais de 21%, este passou a ser cobrado pela Energisa, empresa que comprou a distribuidora acreana, a Eletrobras Distribuição Acre. Mesmo sendo um reajuste avalizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o aumento parece não encontrar justificativas plausíveis para dizer ao consumidor os motivos reais.
No Brasil, passagens aéreas, combustíveis, energia elétrica são coisas que tem sinônimo de poder ou descaso das autoridades. Parece que não adianta gritar, espernear, questionar na Justiça. Cabe ao consumidor apenas pagar! O problema que reajustes como este afetam nobres e plebeus. Vivemos, parece, aquilo que Gonzaguinha escreveu: “Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre: ‘Muito obrigado’. São palavras que ainda te deixam dizer por ser homem bem disciplinado, deve, pois, só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado pra ganhar um fuscão no juízo final e diploma de bem comportado. Você merece, você merece”.
Penso que um mover da bancada federal do Acre faz-se necessário. Uma agenda com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, deve ser construída. Não há quem venha para o Acre investir com uma energia cara dessas e sem qualidade.
O falado “agronegócio” pode ficar comprometido. Não se cria frangos sem o essencial, a energia elétrica, também a suinocultura não prospera, principalmente, em um Estado quente e úmido como o nosso. O Acre não vai viver só de soja, até porque esta é para os grandes produtores rurais.
Para se desenvolver o Acre, é preciso melhorar suas fontes de energia. Sem energia de qualidade e com o preço à beira da morte não virão os investidores, os que virão serão para produzir, o que já se produz, carne. Mas, se estes bovinos forem abatidos, no Acre, precisa de um bom frigorífico para condicionar essa carne, câmaras frias. Enfim, é necessário além de investir e dizer que está investindo, fazer com que a energia seja acessiva.
Tudo é proporcional, o cidadão comum paga lá sua ficha de luz de R$ 150,00, que é muito para quem ganha R$ 998,00 e grande empresário a sua de R$ 5 mil. Tudo proporcional, mas todos não estão isentos do aumento.
Nesse sentido, é hora de deixar as questões partidárias de lado e abraçar a causa. Da forma que estar é insuportável, o acreano vai passar fome. A inadimplência vai aumentar. O consumidor não quer saber se a empresa está investindo, o consumidor quer um preço justo. E o único caminho para encontrar esse preço justo é o diálogo e esse diálogo se constrói através da boa política. O Acre não aguenta, chega!
José Pinheiro é jornalista graduado pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e milita na imprensa desde 2012.
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