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A Mensagem da Cruz

Neste domingo inicia-se a denominada “Semana Santa”. O evento, com tradição milenar, dá aos cristãos genuínos do mundo inteiro a reflexão de contemplar, com gratidão, o sacrifício vicário de Jesus Cristo.

Sei que a expectativa, é a celebração da Páscoa, mas antes temos a Via Crucis, o trajeto que foi percorrido por Jesus. Ali, já com ferimentos abertos a derramar sangue, teve que levar ou carregar uma pesada cruz, do pretório ao calvário. Essa Cruz pesava cerca de oitenta quilos, fato que levou Jesus a cair por três vezes ao longo da mais cruel caminhada que um homem já fez. Nessas condições Jesus foi cravado na cruz.

A crucificação de Jesus Cristo, não é a crucificação e morte de um mártir, exemplo de Estevão da igreja primitiva. É muito mais. É a doação de uma vida; a vida de Cristo pelos seus semelhantes.  Na verdade, o que Jesus Cristo sofreu, naquelas horrendas horas de cruz, o mundo jamais saberá.

Os mais variados filmes sob título “A Paixão de Cristo”, alguns com sucesso de bilheteria no mundo inteiro, mostram em cores vivas a crueldade que teria sido a crucificação de Jesus Cristo. No entanto, as ficções cinematográficas, mesmo aproximando-se do autêntico flagelo sofrido por Jesus, não representam, na essência, o verdadeiro horror da cruz. Por sinal, Isaias, o “Shakespeare” dos profetas, em seu livro no Antigo Testamento diz que o “aspecto de Jesus (na cruz) estava muito desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, sem formosura, mais do que a dos outros homens”. Horrendo mesmo!

Comumente a morte sobrevinha depois de quatro a seis dias. No caso de Jesus veio depois de seis horas. Portanto, a agonia da crucificação de Jesus, o Cristo, assim como o peso da sua cruz ainda não foi medido, na sua plenitude, pelo homem.

Reitero que a crucificação era a morte mais agoniada e ignominiosa que uma época de crueldade podia inventar.  Deste modo, abro parêntese, para citar Marco Túlio Cícero (106-43 a.C): “O próprio nome, crucificação, deveria ser excluído não só do corpo, mas também dos pensamentos, dos olhos e dos ouvidos dos cidadãos romanos”.

Todos os cristãos deveriam ser gratos ao Senhor Jesus Cristo, por ter atravessado o vale da sombra da morte por nós. Não se está pedindo aos cristãos, dos tempos cibernéticos que vivam de forma devotada à cruz de Cristo, como viveu o Apóstolo São Paulo, a ponto de dizer: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” (Gl 2.19-20). Não! Pois, isso é quase impossível!

Contudo, entendo que o alvo da vida cristã, a mensagem da cruz, é fixar o olhar para o Cristo crucificado. A não ser que nos voltemos à cruz, não podemos avançar em nossa vida cristã, pois como diz Santo Agostinho: “Ninguém pode atravessar o mar deste século se não for carregado pela cruz de Cristo.” Assim sendo, a cruz de Jesus Cristo é muito mais do que um símbolo da fé cristã; ela é o segredo da vida cristã. O que foi antes um objeto de vergonha e desprezo, no mundo romano, tornou-se uma fonte de benção e glória para os que nela confiam.

É bem conhecida, nas igrejas cristãs clássicas, a música e letra Rude Cruz, do compositor e pregador americano George Bennard (1873-1958).

Uma de suas estrofes diz assim:

“Rude cruz se erigiu! Dela o dia fugiu. Em sinal de vergonha e de dor! Mas, eu amo essa cruz, sobre a qual meu Jesus, deu a vida por mim, pecador.”

O coro, desta música, é a mais sublime declaração de amor que um cristão pode oferecer ao Senhor Jesus, o Cristo crucificado:

“Sim, eu amo a mensagem da cruz; Té morrer eu a vou proclamar.

Levarei eu também minha cruz. Té por uma coroa trocar!”

 

Francisco Assis dos Santos*

  • E-mail: assisprof@yahoo.com.br

 

 

 

 

A Gazeta do Acre: