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Você gosta de ser cuidado?


Você sente necessidade de ser cuidado? O que significa isso para você? Como você é quando está na função de cuidador?

Quando crianças, em nossa característica de vulnerabilidade total, nos apegamos em demasia àqueles que nos fornecem amparo, acolhimento e a satisfação das necessidades básicas. Crescemos e a depender das carências, se esses cuidados não foram recebidos lá na infância de forma saudável, podemos desencadear “incosumíveis” vazios que nos deixam infantilizados durante a vida.

Digo isso porque as pessoas não estão tendo consciência das diversas consequências e transtornos que essas faltas de amor e dedicação podem gerar num indivíduo e na sua inteireza. Podendo adoecê-la, trazer sérios conflitos consigo ou outrem e tornando, muitas vezes, insustentáveisalgumas relações.

Chamou-me muita atenção ler a biografia de Michele Obama, Minha História, onde ela narra em detalhes a infância e adolescência com sua família. A forma como, com poucos recursos materiais e subordinada a uma condição de cor da pele, foi feliz e foi se formando na sua integridade psíquica-social, sempre pontuando o quanto a atenção, o cuidado, o amor e o carinho de seus pais tornaram, tanto o seu irmão quanto ela, pessoas seguras e empoderadas para serem quem quisessem ser dentro de um universo de exclusão.

Quem não quer ter doces lembranças de sua infância e do quanto se sentiu protegido? Quem não quer ter relações que o façam se sentir amado? Quem não quer ser cuidado?

Acredito que, de uma maneira geral,todos querem.Porém, quantos de nós temosnos comportado nessa função de acolhimento? Ou até que ponto andamos atrapalhando, com o mínimo que recebemos, as nossas relações?

Importante se aperceber que, dentro de uma visão sistêmica, tendemos a reproduzir mais e mais do “menos” que recebemos. Ou seja, nos comportamos como que numa fração matemática, de forma, muitas vezes, inconsciente, levando essas incompletudes de nós mesmos para nossas diversas interações sociais e exigindo de forma pidesca que nos completem por inteiros.

 

Marcela Mastrangelo é socióloga, coach e terapeuta.

 

 

 

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