Entende-se por convenções sociais, tudo aquilo que é tacitamente aceito, por uso ou geral consentimento, como norma de proceder, de agir, no convívio social. Em outras palavras, a moral da história duma sociedade.
No passado, à luz das Convenções Sociais, havia uma hierarquia ou uma lista de valores. A mais famosa é de autoria de Max Scheler (1874-1928) que culmina, com os princípios religiosos, vindo em seguida, abaixo, os éticos, depois os estéticos, os lógicos, os vitais e, no pé da classificação, os valores úteis.
Com o desmoronar destes valores, alguns até questionados à luz de teorias sem qualquer senso ético, passamos a viver uma derrocada moral. Como se não bastassem os desastres geológico e as profundas mudanças climáticas, bem como as epidemias quase incontroláveis, que assolam o mundo aqui e ali; Como se não bastassem à exaustão da terra madre que somados a escassez de recursos naturais, derivados do petróleo e de outras matérias-primas tornam a vida nossa de cada dia mais difícil. Além de tudo temos que viver com a decadência mental e moral causada, especialmente, pelo mundo urbano cujo carro-chefe é: a desordenada vida sexual; o consumismo exagerado e; a entrega globalizada da juventude as drogas alucinógenas. Igualmente, esse desmoronamento das Convenções Sociais produz e/ou causa sociedades egoístas, alheias à neurose do tempo presente e que leva o homem ao vazio existencial. Daí, os altos índices de suicídios entre, principalmente, os jovens que por não atingirem patamares de status social “valorativo”, entram em desespero de morte.
Toda essa mistura de perversidades, deixa o cidadão comum sem saber se os costumes que acata, respeita, preza e vive, são verdadeiramente valores corretos. Deste modo, com a consciência cauterizada, já não sei o que penso, digo, faço, acato e vivo. Não atento mais para nenhum aspecto da dignidade humana.
O mais trágico, na ótica das novas gerações, é que os cânones da Constituição são anacrônicos para orientar e, se possível, debelar as mazelas humanas do mundo de hoje. A Lei, porque faz juízos de valor oficiais e obrigatórios para uma sociedade que desconhece as leis regidas pela Constituição Federal, também já não é tão eficaz.
Não menos trágico, é constatar que qualquer alma humana que ousar reagir contra essa inclinação perversa, nesses novos tempos e costumes, é nomeada, na melhor das hipóteses, como falsa e moralista à moda antiga.
Entendo que há uma premente necessidade de que a sociedade representativa, segmentos de toda ordem, dispensem extensiva abordagem sobre essa nova ordem de valores. Fazer avaliações morais, éticas e religiosas a respeito das condições da sociedade, dos atos pessoais e coletivos. Fazer ajuizamentos dos atos ou condições sob prisma daquilo que é “bom”, “mau”, “útil”, “inútil”, “legal”, “ilegal”, “imoral e engorda”. A sociedade necessitar fazer disso uma prática diária e não discuti-los somente em situação de conflito, de ressentimento, de luta pelo poder, de reivindicação por melhores salários, ou quando a porta já está arrombada.Naturalmente que um juízo de valor, com freqüência é algo subjetivo, condicionado pela cultura em que uma pessoa foi criada. Todavia, ao que parece “perdemos” a capacidade de discernir e compreender essa realidade estúpida em que vivemos
Francisco Assis dos Santos*
HUMANISTA. E-mail:assisprof@yahoo.com
“Esse desmoronamento das Convenções Sociais produz e/ou causa sociedades egoístas, alheias à neurose do tempo presente”