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ARTIGO: A cegueira que isola: sintomas de um afogamento anunciado

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Gladson está esgotando o limite de tolerância quanto à organização do governo. Já está passando da hora de parar de brincar com fogo e organizar sua base de apoio ou não demora e o quadro logo estará irreversível.

Não se monta governo apenas contemplando interesses isolados. É preciso manter uma parcela ativa disposta a fazer de fato a diferença.

Com todo respeito que temos ao Gladson, mas verdade seja dita: seu governo está ficando cansativo e nota-se uma visível tendência a autossabotagem. Brochante, para sermos mais precisos!

A articulação política e a assessoria imediata do governador estão posicionadas em níveis extremos de fragilidade e tal fato não tem como ser contestado.

A oposição deita e rola porque deitar, rolar e sapatear diante das fragilidades do governo têm sido muito, muito fácil.

Se Gladson não parar para acertar de vez, a tendência ao crescimento geométrico das dificuldades, inevitavelmente, fará do governo um brinquedinho de criança nas mãos da oposição.

Falta ao governo, como elemento essencial a fomentar desgastes, ações políticas no foco do seu principal problema, que é exatamente o risco de perda dos padrões mínimos e possíveis no campo da unidade e da governabilidade.

A blindagem política – e tal quadro é facilmente perceptível – tem se dado de modo reverso e, portanto, negativo, já que tem provocado distanciamento dos melhores quadros à disposição da oferta de pronta colaboração na direção da melhoria das ações do atual governo.

Gladson é hoje um governador visivelmente bloqueado para as boas opiniões, até então ainda disponíveis na sua base de apoio.

No entanto, já se notam movimentos dessa mesma base – por sinal, representativa de ótimos elementos de lucidez e lealdade – na direção da elevação dos níveis de críticas e até mesmo do esvaziamento da manutenção das esperanças no tocante à cada dia mais distante possibilidade de mudança de rumo.

Percebemos Gladson seguindo por um caminho extremamente perigoso do ponto de vista político, já que tem adotado – não por si, mas pela voz ativa de terceiros – um pernicioso processo de depuração e afastamento do que tem de melhor à sua disposição para o encaminhamento efetivo do seu plano de intervenção governamental.

Trocando em miúdos, Gladson tem ignorado seus melhores quadros e o faz através do empoderamento em excesso exatamente das mesmas forças que hoje o bloqueiam.

E o pior: com o agravante de permitir que tais forças distanciem do foco o próprio Gladson e tratem de cuidar da manutenção dos próprios espaços de influência.

Tais movimentos, nitidamente nocivos ao governo, revelam-se em cores vivas, por meio da também nítida e cristalina constatação de que a eles o aniquilamento das possibilidades daqueles que podem ajudar parece ser a única regra de conduta, seja no momento das nomeações, seja na tabulação e encaminhamento das precárias e incipientes ações de governo verificadas até aqui.

Agindo assim, ao permitir o avanço empoderado de tais grupos no tocante à conquista e manutenção de espaços isolados e concentrados de influência decisória dentro do governo, Gladson segue sabotando a própria gestão.

Nessa quadra de equívocos graves, já são fortemente perceptíveis os sinais de distanciamento de muitas dessas lideranças que, afetadas pela desilusão frente à melhoria do governo, hoje expõem sinais nítidos de abandono definitivo do apoio à gestão, até então mantido por respeito à própria coerência pessoal diante da grave – e pelo jeito irreversível – desfiguração do projeto que outorgou a Gladson a responsabilidade de ser a liderança regente.

Outra constatação grave, essa por demais óbvia, diz respeito à opção de Gladson por tabular o governo com figuras que ofertam ao próprio Gladson lealdade de segunda, terceira e em alguns casos, não raro, até mesmo nenhuma lealdade.

Tal opção pelo descarte dos melhores quadros, seja envolvendo capacidade de gestão e até mesmo a própria lealdade, terá um peso assustador e gravíssimo nos momentos mais duros que ainda estão por vir naquela que deve ser a colheita mais que certa frente ao estranho e inexplicável plantio em terra árida que Gladson vem realizando do ponto de vista político e da gestão do seu frágil governo.

 

*Edinei Muniz 

A Gazeta do Acre: