A visão míope de muitos colaboradores do governo Bolsonaro sobre climatologia e meio ambiente coloca os interesses econômicos do Brasil na direção do abismo. Observa-se grande esforço em liberar agrotóxicos, sabotar a punição de desmatamento e negar as mudanças climáticas, e tudo sem nenhuma base científica e econômica. É claro que os consumidores da Europa já mostram sua rejeição através do boicote a produtos brasileiros.
O mais recente movimento do ministro do Meio Ambiente foi atacar o monitoramento do desmatamento feito pelo INPE como responsável pela ineficácia no combate ao desmate e anunciou que quer contratar uma empresa privada por sete milhões de reais… Que barganha! Para piorar nossa desconfiança, a imprensa divulgou que o ministro foi condenado em primeira instância, por improbidade administrativa, quando era secretário estadual de meio ambiente em São Paulo.
O INPE nem precisou contestar, a própria imprensa -nem tão especializada assim- mostrou que do começo do ano até 15 de maio, o INPE enviara aos órgãos de fiscalização ambiental 3.860 alertas de desmatamento através do Deter-B, Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real, ou 28,6 alertas por dia. Já a fiscalização do Ibama fez somente 850 autuações, ou 6,2 por dia. O que se conclui, querem detectar menos, só pode ser isso!
Se não bastasse o INPE, entrou em funcionamento um novo monitoramento de desmatamento, que custa nada para o erário, é o MapBiomas, iniciativa de diversas ONG, universidades e empresas de tecnologia para mapear o uso da terra, com um custo de R$ 13,6 milhões por ano e financiado principalmente pelo governo norueguês, pela Fundação Moore (EUA) e pelo Instituto Arapyaú.
O MapBiomas foi criado em 2015, esse sistema cruza bancos de dados, do Deter-B (Inpe), o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e o Sinaflor (Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais do Ibama) e elabora laudos prontos -que incluem até imagens de alta resolução do polígono antes e depois do desmatamento- para os órgãos fiscalizadores fazerem a autuação. De outubro a março, o MapBiomas já validou 4.577 alertas de desmatamento, computando uma perda de 89.741 hectares de vegetação nativa.
O que ninguém neste governo demonstra saber é que o Brasil tem grande experiência na área, foi o terceiro país a utilizar satélites para o sensoriamento remoto da Terra, após os Estados Unidos da América e o Canadá, em 1973, quando a estação de recepção do INPE passou a receber os dados do Landsat-1.
E, por esse pioneirismo, o INPE foi homenageado durante o lançamento do MapBiomas Alerta no último 7 de junho no Tribunal de Contas da União, em Brasília. Atualmente, o INPE monitora a Amazônia, o Cerrado e outros biomas brasileiros.
Todos esses alertas estão disponíveis ao público desde o dia 7 de junho no site alerta.mapbiomas.org. Agora só está faltando que os nossos parlamentares, senadores e deputados, façam sua parte defendendo o ambiente que tem sua microflora e microfauna destruída para sempre. É uma perda inestimável, pois aí pode estar a cura do câncer.