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Rotina de atletas de e-Sports já se equipara a de esportistas de modalidades tradicionais

Na última década, os e-Sports passaram de uma modalidade de nicho para uma das categorias esportivas mais populares em todo mundo. Com esse crescimento também veio a profissionalização e atualmente a rotina de ciberatletas já se equipara a de esportistas tradicionais.

Crescimento exponencial e profissionalização dos e-Sports

De acordo com dados divulgados pelo Correio Braziliense, em 2017 o Brasil já contava com mais de 66 milhões de praticantes e os negócios em torno do setor já movimentavam mais de US$ 1,3 bilhão.

No ano de 2019 o país se tornou o 13º no quesito e o primeiro entre os latino-americanos. Até o final do ano, a projeção é de mais de 75,7 milhões de gamers e US$ 1,5 bilhão movimentados em relação aos jogos e a categoria dos e-Sports. Todo esse crescimento chamou a atenção dos esportes tradicionais e clubes grandes do futebol como o Santos, o Corinthians e o Flamengo, já investiram na capacitação de times profissionais em títulos como CS:GO (Counter Strike), FIFA e League of Legends (LoL).

Flamengo foi um dos grandes pioneiros e desde 2017 conta com uma equipe dedicada a LoL, que conta com o atleta Felipe “brTT” Gonçalves. Considerado o principal atleta do game no Brasil, brTT já levou a equipe a três vice-campeonatos nas três maiores competições do país. Um feito realmente impressionante.

O apoio de grandes equipes tradicionais e a alta demanda por resultados nas competições por eles e pelos fãs fez com que a rotina de treinamento dos ciberatletas também evoluísse.

Rotina dos atletas envolve horas em frente ao computador e pode até mesmo incluir exercícios físicos

A rotina de treinamento dos atletas precisa se adequar às altas demandas que eles enfrentam. Até porque, os e-Sports não se tratam apenas de praticar um game que você gosta: a rotina é profissional e requer reuniões, treinamentos, simulações de situações que o profissional enfrentará em campeonatos e outras afins.

Ainda, aqueles que estiverem interessados em se tornar ciberatletas profissionais precisam estar dispostos a uma rotina diária que envolve chegar cedo ao centro de treinamento para discutir estratégias com seus colegas de equipe por uma ou mais horas e depois praticar o game escolhido por cerca de 6 a 15 horas, com apenas uma pequena pausa para o almoço.

À primeira vista passar mais de 10 horas jogando seu game favorito pode parecer um sonho para muitos jogadores casuais, mas profissionais como Michael Artress, gerente de LoL da Team Liquid, discordam.

“Na verdade, é muito mais difícil do que as pessoas pensam” disse Artress em uma entrevista para o site The Next Web. “Você tem que se sentar na frente de um computador por 10-15 horas seguidas todos os dias, fazendo a mesma coisa várias vezes, tentando melhorar a sua técnica. Vamos ver como você lida com isso depois de 9 semanas seguidas” explicou.

Kyle Bautista, diretor de operações do clube CompLexity Gaming, que conta com equipes em onze modalidades de e-Sports, conta com uma opinião parecida: “Eles estão treinando da maneira que qualquer atleta tradicional faria: 40, 60, 80 horas por semana. É o trabalho deles em tempo integral” disse ele, também para o The Next Web.

Não é apenas o treinamento técnico que esses atletas têm que fazer. Para acompanhar seu concorrente e ter a chance de ganhar alguns dos maiores prêmios das suas modalidades, esses competidores também têm investido muito tempo na academia.

É o caso de Mike “Glaurung” Fisk (21 anos), que atua como atleta profissional de Heroes of the Storm pela equipe Tempo Storm. Glaurung compete profissionalmente há três anos e é considerado o oitavo melhor jogador do mundo.

Para manter essa classificação de elite, além das oito horas de prática em frente ao computador, o atleta também incluiu uma rotina de treinamento físico que envolve fazer 100 flexões (50 tríceps, 50 regulares), 100 abdominais e 10 agachamentos todos os dias.

O atleta Filip “SmX” Liljeström, que já competiu em Heroes of the Storm e hoje atua em Apex Legends, é outro que passa de seis a sete dias por semana na academia. Depois das oito ou mais horas no computador, ele costuma fazer um treino de cerca de uma hora, que envolve correr na esteira por 30 minutos, seguido de exercícios com equipamentos de levantamento de peso por mais 30 ou 40 minutos.

Futuro deve envolver ainda mais horas de treinamento

O treinamento dos ciberatletas evoluiu muito com a profissionalização dos e-Sports, mas o número de profissionais que inclui uma rotina de exercícios físicos junto da rotina de treino tradicional ainda é pequeno em relação a outras modalidades.

Atividades físicas podem proporcionar uma série de benefícios que vão além de uma maior disposição para encarar a dura rotina em frente ao computador, por isso é muito provável que o número de atletas que praticam esse tipo de atividade só aumente no futuro.

 

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