O título em epígrafe “Criança de Rua” não aponta, obviamente, para as crianças que vivem em lares estruturados, com pais responsáveis, comprometidos com a educação, a saúde e o crescimento equilibrado de seus filhos. Também não se trata de crianças de antigamente, que brincavam nas vias públicas dos bairros periféricos. Não! Antes, a reflexão, chama a atenção de homens e mulheres de bem, para as crianças que estão inseridas num contexto familiar miserável, sobrevivendo à margem da vida, sacrificadas pelas desigualdades sociais, fruto, também, duma sociedade míope e arrogante em todas as suas manifestações, quando se trata de proteger e defender os sem defesa.
Criança de rua, infelizmente, é ainda uma realidade duríssima nos quadrantes do país tupiniquim. Porquanto, pesquisa, não tão recente, feita em 75 cidades com mais de 300 mil habitantes, mostra que 23 mil crianças vivem nas ruas do Brasil. São vítimas, desculpem a redundância, alcunhadas de “sem teto” que vivem, diuturnamente, nas ruas de uma cidade, vila ou aldeia.
Essas crianças, especialmente na faixa etária de 10 a 14 anos, são presas fáceis do crime. São portais do crime organizado, pois que são usadas de forma infame e miseravelmente, pelos “senhores” do tráfico de drogas, da pornografia e da prostituição infantil. Afinal de contas, todos os dias surgem dos quatro cantos do mundo, relatos lamentáveis sobre: homicídios, assaltos à mão armada, lesões corporais e tráfico de drogas envolvendo diretamente crianças e adolescentes. Na realidade só estou reverberando um clamor geral no que toca o assunto da delinqüência juvenil, da prostituição e exploração de crianças e adolescentes. O que se configura, se providências não forem tomadas, numa derrocada moral, pois se constata por pesquisa de toda ordem que hoje, no Brasil, 99% dos crimes são praticados ou têm os adolescentes e jovens como protagonistas. Hoje, só no campo da pornografia, segundo estatísticas, já são mais 600 mil meninas prostituídas no país, que se somam, infelizmente, a outras crianças e adolescentes que perambulam pelas ruas e que agem e reagem como irracionais buscando garantir a sobrevivência.
Sei que existem medidas sugeridas para solucionar a ultrajante situação em que estão metidas as crianças de rua do nosso país. Entretanto, essas medidas, sem utopia, necessitam do fortalecimento da sociedade através do sentimento geral de solidariedade humana; porquanto, solidariedade humana e o respeito à dignidade da espécie passaram à condição de “letra morta”, permitindo, conseqüentemente, que na prática continue crescendo cada vez mais a legião de desgraçados, enquanto minorias usufruem a sofreguidão de bem viver.
Sei, ao mesmo tempo, que propor solidariedade humana num mundo tremendamente egoísta, onde pontifica a emulação individual do: “cada um por si e o diabo por todos” pode parecer ingênuo ou argumento imbecil, mas não é. O Acre, por exemplo, é um Estado em crescimento, com índice populacional ainda pequeno em relação aos grandes centros. Detectados os focos do problema, que por sinal são bem conhecidos, públicos e notórios, a questão pode ser dirimida.
A solução não está tão somente em apontar os motivos, como eu tenho feito por aqui, que levam essas pobres crianças viverem em situação de rua: a miséria; o analfabetismo; a violência doméstica; o desemprego, o uso de álcool e drogas e; outros males em alta, como as causas que deixam os menores entregues à própria sorte.
Carecemos, enquanto sociedade em geral, tomar cuidados em relação às nossas crianças, criando projetos da mais ampla pesquisa sobre o assunto, sob pena de o futuro vir a ser mais amargo do que já é nos dias atuais!!
HUMANISTA. e-mail: assisprof@yahoo.com.br
“Criança de rua é ainda, infelizmente, uma realidade duríssima nos quadrantes do país tupiniquim.”