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Academia Acreana de Letras – AAL empossa seis novos imortais

No dia 18 de novembro (próxima segunda-feira), sob o lema Ad hominem per littera, “Ao homem pelas letras”, a Presidente da instituição, Prof.ª Dr.ª Luísa Karlberg, dará posse aos seguintes imortais da AAL: Deise Torres Torres (Letras/Espanhol, Direito, poeta, contista), Enilson Amorim (jornalista, chargista, caricaturista, poeta, historiador, literato infantil), Jefferson Henrique Cidreira (professor, historiador, poeta, pesquisador, cientista), Isac de Melo (Cordelista, Teólogo, poeta) e Mazé Oliver (Professora, pedagoga, escritora, poeta, literata infantil), Alexandre Melo (linguista, pesquisador, cientista, literato). Importante conhecer os imortais e suas produções, porque é como diz Ernest Cassier (1994, p. 333), “A arte nos dá uma descrição da vida humana através de uma espécie de processo alquímico; transforma nossa vida empírica em dinâmica de formas puras”.

A solenidade é aberta ao público. Acontecerá no Centro Cultural do Tribunal de Justiça – TJAC (ao lado do Palácio Rio Branco), entre 18 e 21h, entrada franca, para assistir um rito solene, igualmente àqueles da Academia Francesa.

A Academia Acreana de Letras (AAL), fundada em 17 de novembro de 1937, é a associação literária e cultural máxima do estado brasileiro do Acre. Sua fundação coincide com a data da assinatura do Tratado de Petrópolis, que pôs fim à disputa pelo território acreano com a Bolívia. Foi considerada de utilidade pública pela Lei Estadual N° 117, de 19 de setembro de 1967. Sua sede (provisória) é na Trav. Grêmio Atlético Sampaio, nº 15, Bairro José Augusto, na capital acreana. A Diretoria é composta por um Presidente e seu vice, 1º e 2º Secretários, 1º e 2º Tesoureiros, e diretores: de Relações Públicas, de Biblioteca e de Patrimônio, além de um Conselho Fiscal.

Nós escrevemos, fazemos a memória cultural da região. Afinal, a língua é a alegria dos seres humanos. Na AAL repousa a poesia do desejo, a melancolia dos gritos premidos, o advento das estações, a exaltação do fino mistério soprado, quem sabe, pelo próprio Deus. Falar, escrever, pensar, alcançar as fendas onde a metáfora pousa solitária, circunscreve-nos ao picadeiro dos imortais, ao galeão dos condenados, aos salões galardoados, às terras onde se trava a batalha do verbo e das exegeses. Sob o estímulo desta tradição, a Academia Acreana de Letras sempre se rendeu às turbulências da arte, às tentações do pensamento, à insubordinação criadora. Instaurou em seu cotidiano o ritual da cerimônia, quis conciliar o que emana do sagrado e do profano, amenizar as discrepâncias, rejeitar os expurgos arbitrários, tornar o convívio fonte de concórdia.

Uma tradição que nos ensinou a conviver com os impasses da história, a resistir aos tormentos da modernidade fátua. A ousar falar do futuro. Obstinada em realçar que a glória da instituição, repousando em tantas vitórias individuais, favorece o fervor coletivo.

Adentram na AAL, eleitos pelo voto democrático do Sodalício, seis novos imortais para ocuparem as cadeiras: 01, 06, 07, 10, 12, 14. São personalidades ilustres, de coloração heroica e grandiosidade de uma cavalaria medieval. Chegam escritores, poetas, historiadores, cronistas, romancistas, cientistas, pesquisadores, teólogos, juristas, filólogos, literatos, artistas.

A responsabilidade é imensa, como filhos da pátria da língua, de um idioma composto com sobras latinas, gregas, asiáticas, africanas, espalhada em quatro continentes, eles devem mostrar trabalho de qualidade e bom manejo do idioma lusófono. Os inventos verbais desta língua, que peregrina pela península ibérica, pela África, pela Ásia, pela nossa América, traz a chancela natural da transgressão, ora pelas contribuições culturais, ora pela licença poética de nossos imortais escritores. O idioma arrasta, consigo, a luxúria, mesmo quando confrontado às experiências radicais, místicas, vizinhas do abismo de Deus. É uma criação divina, inigualável.

Tudo isso traduz, também, que somos os guardiões da cultura, da história humana, porquanto somos os escritores que, por meio da língua, perenizamos a vida na região do Acre. E, aqui, nesta terra de Galvez, de Plácido de Castro, J. G. de Araújo Jorge, José Higino de Sousa, Florentina Esteves, Glória Perez, Renã Leite Pontes, Eduardo Carneiro, Telmo Camilo Vieira, Margarete Edul Prado, Olinda Assmar, Cecília Ugalde, Rosana Cavalcante, Sílvio Martinello, Claudemir Mesquita, Mauro Modesto, Edir Marques, Maria José Bezerra, Robélia Fernandes, Jorge Araken, Claudio Porfiro, dentre tantos nomes galardoados que vivem no Céu ou na Terra. Esta AAL, que foi palaciana no nascimento, é uma mendicante nas ruas da cidade de Rio Branco. SOS, Governador Gladson Cameli!

 

Luísa Karlberg (*)

A Gazeta do Acre: