Em defesa do território e modo de vida dos povos da floresta, o Prêmio Chico Mendes deste ano homenageou iniciativas que trazem em seu coração o legado de Chico Mendes. A cerimônia ocorreu no Sesc Centro, em Rio Branco, no domingo, 15, dia em que o líder seringueiro completaria 75 anos e faz parte da Semana Chico Mendes 2019.
“A sociedade civil, este ano, promove o Prêmio Chico Mendes de Resistência em Defesa da Amazônia, neste momento extremamente grave de ameaça aos territórios e aos povos da floresta. Neste contexto de desafios, precisamos trazer para a sociedade a importância do legado de meu pai, que são as Reservas Extrativistas, territórios de uso coletivo, a Amazônia e as florestas no mundo todo”, afirma Angela Mendes, filha do líder acreano e coordenadora do Comitê Chico Mendes, que organiza toda a Semana.
Angela explica que a temática deste ano se dá também para mostrar ao mundo a importância dos territórios amazônicos e seus diferentes moradores. “Quando falamos das florestas, trazemos todo seu potencial de serviços ambientais e econômicos, junto com os modos de vida dos diversos povos que habitam esses territórios têm com esse bioma. A Semana Chico Mendes é esse momento de resistência, em que precisamos estar unidos, povos da floresta, ribeirinhos, indígenas, extrativistas”, declara.
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Confira os premiados:
Destaque Jovem – Daiane Correia do Nascimento, comunidade Porto Dias, Acrelândia
Moradora de Acrelândia, no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Porto Dias, Daiane superou desafios, saindo de casa para concluir o ensino superior e voltando para fazer parte de um projeto de artesanato com o resíduo de madeira. Daiene foi a única a concluir a capacitação, em uma turma de 20 jovens, e até hoje dá continuidade à arte de dar nova vida a resíduos de madeira com peças de muita beleza.
Destaque Personalidade – Jorge Rivasplata de La Cruz, artista plástico
Por meio da arte, Rivasplata expressa a importância da memória e da história acreana.
A cultura e as tradições amazônicas são seus temas favoritos, com a Revolução Acreana como destaque especial. Os 30 anos de trabalho do artista no Brasil constituíram numa coleção de obras que retratam a história do Acre numa coleção de 50 quadros, denominada “Revolução Acreana”. Rivasplata também construiu uma coleção sobre a vida do líder seringueiro Chico Mendes, entre outras obras importantes sobre eventos na história de luta do povo acreano.
Destaque Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais – Aldeia Shane Kaya, povo shanenawa, Feijó
A Aldeia Shanekaya é reconhecida pela prática de preservação e resistência do território, por meio do fortalecimento do artesanato feminino, lutas de enfrentamento por políticas públicas, principalmente para garantir os direitos a educação indígena, saúde da população, demarcação e ampliação dos territórios e educação ambiental. Nesta aldeia, as mulheres estão a frente de toda a articulação, lideradas por Edina Shanenawa, primeira cacique do povo Shanenawa do Acre, junto de Mucani Shanenawa atual cacique da aldeia.
Destaque Institucional – Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)
“É uma história muito grande neste 30 anos, lá em 89, naquele Encontro dos Povos da Floresta, aqui em Rio Branco, nós não tínhamos nenhuma reserva extrativistas. Hoje temos dezenas de reservas criadas na Amazônia e no resto do Brasil, criadas com muito esforço, luta e até perdas de vidas. Esse Prêmio vem em um momento importante, em que estamos voltando a viver as grandes turbulências iguais a dos anos 1980, quando lutamos pela possibilidade do seringueiro permanecer em sua colocação. Hoje, nossas Reservas Extrativistas estão altamente ameaçadas” – Júlio Barbosa, presidente do CNS.