Os contumazes assassinatos acontecidos aqui em Rio Branco (os mais recentes, com a morte de dois jovens, no último dia 24 no residencial Rosa Linda/ II Distrito) nos remete para uma realidade paradoxal: o mundo e seus principais personagens não celebram a vida. Há não somente uma crescente falta de respeito pela vida, mas uma aversão à vida, em outras palavras, são vidas negacionistas.
Já faz tempo que ouvimos declarações oriundas de psicólogos, filósofos, teólogos, educadores, cientistas sociais e magos da mídia, dessa verdade insofismável. Vive-se, é óbvio olulante, na contramão da vida. No mundo do crime, por exemplo, os senhores do narcotráfico mandam matar famílias inteiras. Eles camuflam no sentido figurado, seus crimes com expressões como “acerto de contas” “apagar”, “silenciar”, “queima de arquivo”, ou “executar” as vítimas, que encaram como “encomendas”. As nações estão em conflitos armados e em guerras constantes. Neste mês de maio o mundo todo testemunhou o conflito entre Israel e a Palestina, ou o Hamas. Guerra mais religiosa do que política. Ideologia religiosa pura. Um mau exemplo!
Essa realidade de “vidas negacionistas”, e seus mais ferrenhos representantes, em todas as camadas sociais, possui multiplas facetas. Uma dessas facetas é o fácil acesso público às armas, provocando um constante aumento na morte de pessoas e de grupos de pessoas. Neste item é apavorante saber que qualquer meliante, no mau sentido, pode ter acesso, por exemplo, a uma escopeta. No mundo da diversão, muitos filmes exploram o tema da morte, o crime organizado, minimizando assim o valor da vida e dos princípios morais. Filme para ter sucesso de bilheteria, tem que ser o mais violento possível. Quanto mais morte, melhor. Afinal, dizem: “A morte é a musa de nossas religiões, filosofias, ideologias, políticas, artes e tecnologias médicas. Ela vende jornais, apólice de seguro e fortalece enredos de nossos programas de televisão”.
A situação é tão séria que até os “problemas” de caráter conjugal, não se resolvem mais com diálogo, mas na bala ou na faca. A segurança da instituição família, por exempo, é comprada por um alto preço. Está difícil, muito difícil viver em sociedade. Em Rio Branco para cada caso solucionado pela polícia, surgem mais dez. É essa a proporção do crime em nossa cidade. Não tem para onde correr.
Quanto a mim, um simples mortal semeador de sonhos, enquanto não vislumbro no horizonte medidas reparadoras para essa negação da vida, peço a Deus, depois de longos anos de luta, pois que já passei dos 70 anos, que não me deixes morrer nas mãos desses perpetradores de horrores aos cidadãos pacatos.
“Neste item é apavorante saber que qualquer meliante, no mau sentido, pode ter acesso, por exemplo, a uma escopeta”
*Francisco Assis dos Santos
HUMANISTA. E-mail: assisprof@yahoo.com.br