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Nossa Gameleira, quem diria, agora é um Apuí (ou Mata-pau)

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
13/07/2021 - 11:17
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Rio Branco foi fundada pelo seringalista cearense Neutel Maia em28 de dezembro de 1882 e, segundo relatos que se perpetuaram oralmente, a razão para ele ter escolhido o local para estabelecer o seu primeiro seringal em terras acreanas – batizado de “Volta da Empreza – foi a existência de uma gigantesca e frondosa árvore conhecida popularmente como “gameleira” em uma curva do rio Acre.

Eu me arrisco um pouco mais e especulo que Neutel Maia escolheu o local da gameleira provavelmente por ele ser, nas redondezas, a única área efetivamente de “terra firme” cujo “barranco” chegava até a margem do rio Acre sem ser afetado pelaerosão contínua do rio. Isso facilitou o estabelecimento de um porto para o inverno e o verão, capaz de receber barcos de variadas tonelagens.

De fato, uma rápida olhada no “Google Earth” permite ver que a montante, ou seja, acima da curva da gameleira, área com condição similar só existe onde hoje está instalado o CEASA, em uma distância de cerca de 7 km rio acima. A jusante, ou seja, abaixo da curva da gameleira, locais similares só são encontrados mais de 10 km seguindo o curso do rio.

O fato é que a existência da gameleira no local de fundação de nossa cidade serviu de referência histórica usada ainda hoje para se chegar ao “marco zero” de Rio Branco. Tanto que para homenagear e proteger nossa árvore símbolo, o local foi tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal de Rio Branco através do Decreto Nº 752, de 28 de dezembro de 1981.

A partir de 2002 a área do entorno da gameleira foi revitalizada. Foi construída uma contenção para evitar o desbarrancamento do rio, restaurados prédios históricos, construído um marco para a bandeira do Acre, um calçadão com quiosques, bancos e deck de observação do rio. Todo isso é hoje conhecido como “calçadão da gameleira”. Até o mastro é referido como “mastro da gameleira”.

Apesar de todo o esforço para preservar nossa história e, principalmente, a árvore símbolo da fundação de nossa cidade, a lenta e inexorável ação da natureza resultou em uma mudança biológica que põe em cheque a manutenção do nome “gameleira”como o de “batismo” de todo o complexo do que hoje conhecemos como “calçadão da gameleira”.

A verdade é que não existe mais “gameleira” no calçadão da “gameleira”. Não se sabe ao certo quando a gameleira original deixou de existir. De certo, o que temos certeza é que hoje no lugar da gameleira temos um pé de “apuí”, árvore também conhecida popularmente como “mata-pau”.

E como isso aconteceu

Vamos à explicação. Tanto a “gameleira” como o “apuí” pertencem à família botânica das Moráceas, que inclui 37 gêneros e mais de 1000 espécies no mundo, dos quais 17 gêneros e cerca de 80 espécies ocorrem no Acre. Espécies muito comuns dessa família no Acre são, além da gameleira e do apuí, o caucho, a caxinguba, a guariúba, o inharé e o manitê.

Gameleira é um nome popular que se aplica a diversas árvores de Morácea do gênero Ficus, possivelmente em razão de a madeira dessas árvores ser usada na confecção de gamelas. O gênero Ficus, o mais numeroso da família, compreende cerca de 750 espécies no mundo, sendo 30 no Acre.

No Acre o nome gameleira, conforme resultado de consulta aoacervo do Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC, é usado para designar pelo menos três espécies distintas de Ficus: Ficus coerulescens, Ficus insipida e Ficus maxima. Todas elas são árvores convencionais, ou seja, suas sementes germinam no solo e seu tronco se desenvolve normalmente até atingir o dossel da floresta.  

O nome “apuí” se aplica a pelo menos 16 espécies de Ficusnativas do Acre, e, ao contrário da gameleira, alguns apuí são plantas “estranguladoras” ou seja, iniciam o crescimento sobre outras plantas como epífitas (crescem sobre outras plantas sem ser parasitas), para depois lançar suas raízes em direção ao solo para obter água e nutrientes para o desenvolvimento do seu corpo.

Nesse processo, o apuí termina por “abraçar” o corpo da planta que lhe ofereceu abrigo na fase inicial de sua vida e “estrangula” a mesma, ocupando o seu lugar. É um processo que pode durar dezenas de anos e essa é também a razão de o apuí ser chamado de “mata-pau”. Pois é: ingratidão existe até no mundo vegetal.

E isso aconteceu com a majestosa “gameleira” que testemunhou afundação de Rio Branco. Provavelmente entre seus galhos haviam lugares propícios para a germinação de sementes de outras plantas, tal como se vê em troncos de palmeiras vivas cheias de samambaias. Geralmente essas sementes são trazidas por pássaros que se alimentam dos frutos de uma árvore e voam para longe, defecando as sementes sobre outras árvores. 

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Portanto leitores, nossa “gameleira”, a do calçadão, a do mastro, a que foi tombada pelo patrimônio histórico, não existe mais. Ela foi “estrangulada” e no seu lugar se desenvolveu um majestoso e grandioso “apuí”.

O nome científico da antiga gameleira, símbolo de nossa cidade, não é mais possível determinar. Mas o do apuí que está no seu lugar (posando de gameleira) esse sabemos. Chama-se Ficus sphenophylla.

E agora? O que fazer? Mudar tudo para “Calçadão do Apuí”? “Mastro da bandeira do apuí”? Ou vamos viver na ilusão de que ainda temos uma gameleira por lá?

* Evandro Ferreira é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e do Parque Zoobotânico (PZ) da Universidade Federal do Acre (UFAC).

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