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Mudança e contingente

Engraçado que a cerca de dois anos atrás, pensava muito que as pessoas percebiam as bolhas que existem, por exemplo, nas redes sociais, mas não se davam conta do sólido domo que a tv a cabo coloca sobre elas. Pelo menos 70% dos brasileiros viam e continuam vendo o mundo de fora desse domo. Essa é a verdadeira realidade. A pandemia se instalou e muitos não acordaram ainda. Continuam discutindo pequenas bolhas e outras bobagens.

Antes do celular com fone, andar na rua falando sozinho era passar atestado de esquizofrenia. Hoje basta enfiar um fone na orelha e sair falando sozinho com suas vozes interiores, que todo mundo acha normal e até higiênico. Não sei vocês, mas suspeito que seja algo comum a todos nessa pandemia… Só sei que eu estou há um ano e meio tentando lidar com a ideia de aceitar uma realidade que estaria muito aquém do aceitável, para os meus parâmetros “d’antanho”. Não tem nada de certo, exemplar, louvável ou admirável nisso. É apenas algo CONTINGENTE. E, como tal, não tem outra coisa a fazer senão tentar aceitar e lidar.

E torcer para a contingência se encaminhar para uma solução, o quanto antes, dentro das possibilidades que a realidade oferece. E essas possibilidades esbarram nos negacionistas de toda ordem. Aceitar a existência deles e minha impotência em relação aos seus atos, que se refletem na realidade de todos nós, também é algo que eu tento fazer. É uma realidade tão inexorável quanto a pandemia. E não é mole de aceitar e lidar. Mas é contingente.

 

Beth Passos

Jornalista

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