Inauguro essa coluna e, com muita honra, sinto-me lisonjeada, porém, não menos inquieta para, com humildade, apresentar reflexões minhas (devaneios) que fazem substancialmente eu ser quem sou.
Sempre convivi com os mistérios e encantos das reflexões profundas da existência. Meu amado pai (homenageio-o aqui ainda pelo dia dos pais, comemorado neste mês), desde a minha infância, sempre se inebriava com seus pensamentos filosóficos e me fazia viajar nas palavras e na criação de textos que oportunizavam as pessoas a saírem do lugar comum. Hoje, vejo assim… Embora, à época, não imaginava a sua importância, por mais que ele já tivesse o grande reconhecimento da sociedade acreana.
Ele, José Mastrangelo (in memorian), me ensinou o sentido da humildade, assim como a importância de não deixar as palavras serem renegadas ao “vazio” de seu profundo significado. Popularizá-las, sim, mas não estigmatizar e nem conotá-las negativamente. O que, atualmente, vemos com frequência, pois estamos, cada vez mais, nos distanciamos de materiais bons, informação limpa e confiável, literatura que nos fundamente, e arte que nos sublima da realidade nua e crua a que estamos expostos cotidianamente.
Neste sentido, fiquei refletindo sobre a humildade, e peço permissão para explanar o quanto deturparam essa virtude; o quanto nos contaram “mentirinhas” sobre ela; o quanto ela está envolta em crenças limitantes, que fazem com que nós não percebamos a sua real significância e, principalmente, não saibamos, de fato, percebê-la, reconhecê-la e desfrutá-la em sua grandeza e plenitude.
Sem dúvida alguma, essa virtude foi usada, ao longo da história da civilização Ocidental, em diferentes posições e semânticas equivocadas, muitas vezes para a manutenção de algo ou de alguém em uma posição “inferior” ou mais “simples”. Porém, aqui quero trazê-la para o campo da reflexão individual de cada um e provocar uma fonte de autoconhecimento para vocês, leitores queridos…
Cotidianamente, em nossa sociedade, somos impelidos a exaltar os momentos que nos geraram sucesso, glória, aparição. Como se esses acontecimentos dissessem muito sobre nós e determinassem, de fato, quem somos. Porém, agora, eu te pergunto das situações, fatos, instantes em que você foi realmente convidado a refletir profundamente sobre si… Mas, de um lugar modesto e cheio de dor. Ocasião que te fez sentir que era preciso mudar de rota e seguir outros caminhos, escolhas, para ir para um ponto de vitória para si mesmo e diante do que para VOCÊ é considerado sagrado.
Sabe aquele momento, não menos honroso, que a vida te diz que é preciso parar, refletir, “submeter-se” e, de forma resiliente e compassiva, “ressurgir das cinzas”, igual Fênix? Pensemos: paradoxalmente ao que o senso comum nos impôs, este lugar de respeito e profundo vislumbre de si mesmo é justamente aquele que diz: “Oi, querido, seja bem-vindo a vivenciar a humildade!”.
Fácil? Não é fácil. Mas, se bem aproveitado, é possível fazer dele um momento sublime, cheio de conquistas e vitórias, diante de quem mais importa na sua vida: você mesmo.
Pelo pouco que entendo do viver a existência, são momentos como esses que nos trazem as preciosidades para fazermos as nossas “jóias” mais raras e caras de nossas vidas.
Marcela Mastrangelo é socióloga, bacharel em Direito, coach e terapeuta sistêmica e estudante de Psicologia. (Oi, me chamo amor pelo encantamento e conhecimento do sujeito e das relações humanas, risos.)