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Acre continua em quarentena após detecção da monilíase do Cacaueiro

A monilíase é uma doença devastadora que afeta, principalmente, plantas do gênero Theobroma, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), causando perdas na produção e uma elevação nos custos devido à necessidade de medidas adicionais de manejo e aplicação de fungicidas para o controle da praga (Foto: Mapa/Divulgação)

O Estado do Acre continua em quarentena devido à detecção da Monilíase do cacaueiro, em Cruzeiro do Sul, interior do Estado. De acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), esta é a primeira vez que a praga é detectada no Brasil, portanto, além do Acre, Rondônia e Amazonas também estão em estado de emergência, para reforçar ações de monitoramento e prevenção da praga, e avaliar as áreas que fazem divisa com o Acre para verificar se não há focos da doença.

As ações de contingência estão sendo aplicadas na região do foco encontrado e em outras áreas do estado é feito o reforço nas ações de prevenção. O Mapa alerta que realiza atualmente a segunda fase da investigação que consiste no levantamento de delimitação para verificar o avanço da praga na região ao redor do foco e aplicação de medidas fitossanitárias para diminuir a quantidade de plantas hospedeiras da praga na região e, com isso, diminuir a possível disseminação da praga para outras áreas.

“Até o final do ano, o Mapa coordenará ações de emergência na região, com o objetivo de diminuir a quantidade de esporos para os novos frutos que vierem com as chuvas. Uma nova avaliação será reiniciada após a frutificação para que possam ser programadas as ações de monitoramento da área de risco para 2022”, declarou a a chefe da Divisão de Prevenção e Vigilância de Pragas, Juliana Alexandre, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/Mapa).

Com a declaração de estado de quarentena, o transporte dos frutos do cacaueiro e cupuaçuzeiro está proibido no Estado. Embora não haja aplicação de multas, o Mapa informou que, em caso de flagrante, os frutos serão recolhidos e destruídos, no entanto, a aplicação de multas vai depender da legislação de sanidade vegetal do estado onde os frutos daquela origem forem apreendidos.

Ainda de acordo com Juliana Alexandre, a praga é de fácil disseminação, pois produz esporos na superfície do fruto que podem ser carregados pelas pessoas por meio de roupas e calçados, bem como de veículos, mas, principalmente, pelo trânsito de frutos e materiais vegetais de cacau e cupuaçu. Caso a praga de espalhe, os impactos poderão ser sentidos não apenas no Acre, mas também no Brasil e, consequentemente, no mundo.

“Há o impacto econômico, mas, principalmente, o social e o ambiental para o estado do Acre. A região é centro de origem do cacaueiro o que representa uma riqueza em termos de variedade genética que se perderá, caso a doença se estabeleça. O impacto social para a região norte é grande pois a população de uma forma geral, seja na várzea dos rios, seja no interior, utiliza os produtos do cupuaçu, como polpa e geleia, como fonte de renda e também há o extrativismo do fruto do cacau que é vendido para outros estados. O grande impacto econômico seria a chegada desse fungo aos estados do Pará, Bahia e Espírito Santo que são grandes produtores de cacau. O Brasil é o 4º maior produtor mundial”, pontuou Juliana Alexandre.

O que fazer se encontrar a praga?

De acordo com Juliana Alexandre, os produtores devem isolar a área sob suspeita e chamar o órgão estadual de defesa sanitária do seu estado para que um técnico treinado possa coletar amostras e confirmar a identidade da praga.

“O produtor deve evitar manipular os frutos e plantas sob suspeita pois os esporos podem ser veiculados também pelo vento, disseminando a praga para as lavouras vizinhas”, informou a chefe da Divisão de Prevenção e Vigilância de Pragas, Juliana Alexandre.

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Agnes Cavalcante: