O acreano Lucas Dourado, estudante de Medicina, de 23 anos, compartilhou, em suas redes sociais, momentos de medo e terror que sofreu na última segunda-feira, 9, na cidade de Goiânia. Nos vídeos, é possível ver e ouvir quando um homem o agride com um tapa, saca uma arma e o xinga de “viadão”. O estudante conseguiu gravar trecho no celular e imagens de uma câmera de segurança registraram o momento em que o agressor, um policial militar que não estava em serviço, saca a arma. O material foi publicado na tarde desta quarta-feira,11, no perfil pessoal do acreano.
Na publicação que fez em seu Instagram, Lucas detalha que estava em uma mercearia, por volta das 19h30, quando o homem reclamou: “Por quê tá me olhando, viadão?”, como ele descreveu. A vítima teria respondido que não estava olhando para ele e, mesmo assim, recebeu uma ameaça: “Quer levar um tiro, viadão?”.
Para a reportagem do site A Gazeta do Acre, o advogado de Lucas, Matheus Hummel Margon, afirmou que o homem foi identificado como policial militar do 31° Batalhão de Goiânia e que ele teria fugido do local, mesmo com o a chegada de algumas viaturas policiais, após o acontecimento.
Foi registrado um boletim de ocorrência, na central de flagrantes da região. “A delegada já identificou os crimes de lesão corporal, ameaça e injúria racial (por homofobia)”, relata Margon. Vale destacar que atos de homofobia são reconhecidos dentro do crime de racismo, na legislação brasileira.
O advogado contou ainda que também foram ao Ministério Público solicitar apoio e acompanhamento das investigações, assim como na corregedoria, onde pediram a abertura de um inquérito policial militar. “Apesar de não estar a serviço, ele utilizou não só do porte de arma, como da instituição, pois o tempo inteiro ele falava que mandava na região, que ele (Lucas) não sabia com quem estava mexendo, que ele mandava na região… Então entendemos como, no mínimo, uma transgressão disciplinar”, afirma.
A equipe do site A Gazeta do Acre ainda não conseguiu contato com Lucas. A vítima relata ainda que ligou a câmera do celular por medo do que poderia acontecer e que foi agredido no chão, ouvindo mais ameaças com a arma apontada na sua cabeça. “Até agora, eu não entendi como estou vivo. Foi horrível, momentos angustiantes e de muito medo. Simplesmente por eu ser gay. Procurei todos os meios cabíveis e não vou descansar enquanto não obtiver justiça”, desabafa Lucas, na publicação.
O acreano estuda Medicina em Foz do Iguaçu, no Paraná, mas frequenta a cidade de Goiânia com frequência, onde trabalha como produtor de eventos.
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