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Incêndios ambientais nas áreas urbanas aumentam quase 140% no Acre

O Acre registrou 2.140 focos de incêndios até 17 de agosto desse ano e teve um aumento de 137% nos incêndios ambientais nas áreas urbanas (Foto: Sérgio Valle)

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que o Acre registrou 2.140 focos de incêndios até 17 de agosto desse ano e teve um aumento de 137% nos incêndios ambientais nas áreas urbanas, número maior do que todo o acumulado do ano passado. A partir deste cenário, o deputado federal Leo de Brito oficializou, nesta terça-feira,24, o pedido de uma audiência pública para debater a situação das queimadas no estado.

O requerimento da audiência foi protocolado na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados e o encontro deve reunir órgãos ambientais para debater o avanço das queimadas no Acre e enfraquecimento dos mecanismos de fiscalização.

De acordo com dados do Instituto de Meio Ambiente no Acre (Imac), é possível identificar que houve aumento nos casos de focos de incêndio, mas redução das notificações. De 1º de janeiro a 23 de julho de 2021 foram feitos 74 autos de infração entre multas simples, embargos e apreensões, em 2018, por exemplo, no mesmo período, já haviam sido registrados 119 autos de infração.

“A situação tá muito grave, tenho andado pelos municípios e constatado o avanço das queimadas e a falta de uma política de controle ambiental, o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização e dos mecanismos de controle tem impactado diretamente nesse aumento. Além dos danos ao meio ambiente, a preocupação é também com a saúde pública, os casos de internações e mortes por síndromes respiratórias tem aumentado consideravelmente, e ainda estamos em meio a pandemia da Covid, o que agrava mais ainda essa situação, por isso, precisamos saber o que os órgãos ambientais vem fazendo para minimizar essa situação, como parlamentar estou fiscalizando e cobrando a adoção de medidas”, disse.

Quase 300 mortes por síndromes respiratórias em seis meses no Acre

Para além dos problemas ambientais, as queimadas ainda geram a poluição do ar que afeta diretamente a saúde da população. No Acre, 14 dos 22 municípios apresentaram médias diárias de notificações de síndromes respiratórias agudas duas ou três vezes acima da recomendação da Organização Mundial da Saúde.

Qualidade do ar no estado têm ficado abaixo do recomendado pela OMS (Foto: Sérgio Valle)

O estado acumula, nos seis primeiros meses deste ano, 291 mortes causadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), relacionadas a diversos vírus. O número é maior do que o registrado no mesmo período do ano passado e não inclui mortes pela Covid-19. Os dados são do Departamento de Vigilância e Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) que apontam aumento de 16% no número de mortes quando comparando a 2020.

“Como parlamentar e representante do povo, não posso me calar diante dessa situação, pessoas estão morrendo e adoecendo por conta das queimadas e o que vemos é uma inércia por parte do governo federal e do governo do Estado no que se refere a fiscalização”, finalizou.

Leo de Brito protocolou pedido nesta terça-feira,24.

Órgãos convidados para a audiência pública

A audiência pública deverá acontecer nos próximos dias e vai reunir representantes do Ministério do Meio Ambiente, Ministério Público Federal, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon, Ministério Público do Estado do Acre, Instituto de Meio Ambiente no Acre – IMAC, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – CEDEC, Coordenação Operacional do Corpo de Bombeiros Militar do Acre – CBMAC, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas – SEMAPI e Universidade Federal do Acre.

Daniel Scarcello: