As eleições gerais da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB/AC) serão somente em novembro, mas as movimentações dos grupos de advogados que pretendem concorrer ao pleito já ocorrem de forma bem articulada nos bastidores. Pelo menos dois advogados devem disputar a presidência da Seccional Acre, este ano.
O atual presidente da OAB/AC, Erick Venâncio Lima do Nascimento, deve disputar a reeleição. Erick é advogado, especialista em Direito dos Serviços Sociais Autônomos pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e em Direito Público pelo ICAT/AEUDF, e mestrando na Universidade de Lisboa. Ele está à frente do cargo, desde 2019, representando o grupo que, há 14 anos, comanda a Seccional do Estado.
Do outro lado, está o advogado Rodrigo Aiache Cordeiro, que confirmou que é pré-candidato à presidência da Ordem, em oposição à atual gestão.
Na mesma eleição, também será eleita a nova diretoria, os membros do Conselho Pleno e Caixa de Assistência dos Advogados do Acre (CAAAC) e a OAB Subseção Juruá.
Em entrevista ao site A Gazeta do Acre, Erick Venâncio não confirmou sua pré-candidatura, mas fez um balanço das conquistas da classe dos advogados, nos últimos anos, e deixou clara a disposição de continuar um trabalho sério e transparente, numa eventual nova gestão. “Nós não temos promessa, temos trabalho”, disse ele, rebatendo críticas de seus opositores.
Confira a entrevista:
O senhor já decidiu se é pré-candidato à reeleição?
Eu sempre tive como missão contribuir com a OAB/AC, independentemente do cargo que eu ocupasse. Fui membro e presidente de comissões, seccionais e nacionais, conselheiro e diretor da nossa seccional e conselheiro federal por dois mandatos. Quando me tornei membro de um conselho constitucional de controle externo da atividade do Ministério Público, recebi o convite daqueles que também sempre trabalharam muito pela nossa instituição para disputar a presidência da OAB/AC. Era algo que, até então, não imaginava e não estava nos meus planos. Pedi um tempo para conversar com a minha família, meus sócios e os meus amigos, pois sabia que teria que me ausentar ainda mais dos momentos com eles. O aval deles foi fundamental para que eu aceitasse o desafio.
E agora como está sendo trabalhada a possível reeleição?
Para nossa eventual candidatura à reeleição não será diferente. Eu tenho muita gratidão por este grupo que sempre me acolheu muito bem e esteve ao meu lado nas batalhas mais difíceis pela nossa instituição. Se for da vontade deles e da advocacia acreana, eu poderei ser novamente candidato. Diferentemente de muitas pessoas que, este ano, estão alvoroçadas em busca por projetos pessoais, posso afirmar que minha pretensão pessoal jamais estará acima do coletivo. É por essa razão que minha intenção, mais uma vez, é unir, somar e agregar. Jamais trabalharei para dividir a advocacia acreana.
Como tem sido as movimentações em torno do seu nome ?
Tenho que destacar que estamos à frente da gestão da OAB/AC em um dos mais difíceis momentos que já atravessamos: a pandemia. Isso nos trouxe uma responsabilidade ainda maior com a nossa classe e fizemos nosso melhor. Fico muito feliz que centenas de advogados e advogadas reconheçam o esforço que fizemos, e estamos fazendo, mesmo diante das dificuldades que enfrentamos. Superar a crise que nos deparamos não foi uma tarefa apenas do Erick, da Marina, do Thiago, mas de todo o grupo de conselheiros, presidente de comissões, diretores e advogados voluntários. Foi um trabalho de toda a OAB/AC. Hoje estamos colhendo os frutos disso. Então, é natural que as pessoas queiram ver a advocacia sempre avançando, crescendo.
O que o senhor considera positivo em sua gestão?
Muita gente, também, tem nos incentivado a continuar porque teme retrocessos, estagnação, partidarização da instituição, falsas promessas. Conosco, as pessoas tem a segurança de uma instituição que trabalha, independente e altiva. Que nunca se meteu em política, que defende prerrogativas e que trata os advogados com humanidade e acolhimento. Mesmo a campanha não tendo começado, fico vendo gente indo pro interior falar mal da nossa gestão e pedir voto sem nem saber o nome dos advogados que visita, sem nem conhecer a realidade do interior, pois somente foi lá agora, para pedir voto. Posso dizer que nós, sim, interiorizamos efetivamente a OAB/AC, com serviços, a nossa presença fora do ano eleitoral e estendendo a mão no momento mais difícil. Ficamos felizes que exista um forte incentivo a uma continuidade desse projeto.
Hoje ,temos uma caixa de assistência presente e atuante, que efetivamente se preocupa com o bem estar do advogado e da advogada, implantando projetos de telesaúde, atividades de lazer que refletem na melhoria da qualidade de vida, na saúde mental do advogado e da advogada. Para que você tenha ideia, a gestão anterior entregou a Caixa com cerca de 150 convênios, hoje temos mais de 650, todos consolidados dentro de um aplicativo próprio.
O senhor tem recebido muito apoio?
O trabalho recebe muito apoio. O grupo que se dedica a ajudar cada advogado e advogada recebe muito apoio. Mais que apoio, reconhecimento. É claro que, mesmo buscando fazer nosso melhor todos os dias, não vamos agradar a todos. Isso é normal em todos os lugares. A OAB/AC sempre esteve de portas abertas para todo advogado nos ajudar a solucionar os problemas. Porém, para alguns, é mais fácil ficar três anos em casa com os dedos no teclado de um celular, nas redes sociais, e do dia pra noite querer aparecer como salvador da advocacia, com receitas simples para problemas complexos.
Como assim ?
Difícil é renunciar tempo de trabalho e da família para se dedicar ao próximo. É atravessar uma pandemia trabalhando todos os dias para apoiar a advocacia. É arrumar dinheiro pra conceder mais de 300 auxílios, para ajudar na segurança alimentar do advogado e da advogada, para conseguir vaga em hospital, em UTI. Por tudo isso, temos sim recebido cada vez mais apoios no sentido de continuarmos trabalhando e lutando pela advocacia.
Quais as suas principais propostas para uma segunda gestão ?
Mais que propostas, sempre tivemos projetos, que foram ou estão sendo concretizados. Escritório Compartilhado, com estrutura física gratuita para todos os advogados que não conseguem ainda manter o seu próprio escritório. Central de Alvarás, com quase 6.000 atendimentos. Central de Prazos, que já iniciou sua atividade e está se consolidando como um importante instrumento de combate à morosidade processual. Projeto Parlatórios, que já construiu e reformou quase 40 unidades em todo o sistema prisional, dando conforto e dignidade à advocacia. Estamos em fase de implantação de mais duas importantes iniciativas: uma central de suporte técnico gratuito de informática para toda a advocacia e um sensacional curso de gestão em escritórios de advocacia.
Esse é um desafio para a advocacia, a seu ver?
O Poder Judiciário possui uma variedade absurda de sistemas processuais, o advogado não pode passar o dia perdendo tempo com problemas técnicos nem se dar ao luxo de pagar um profissional para lhe dar suporte permanente. Quanto à gestão de escritórios, é fundamental que a advocacia volte seu olhar para isso. Na realidade atual do mercado, isso pode ser o divisor entre manter ou fechar um escritório.
E como está a saúde financeira da Seccional ?
Fizemos tudo isso com responsabilidade administrativo-financeira. Em abril deste ano, já tínhamos recursos para pagar nossas despesas fixas do exercício financeiro vigente. Acabamos de aprovar um projeto de energia fotovoltaica que economizará cerca de 200 mil reais por ano para a advocacia. Esse dinheiro poderá ser revertido para novos projetos que impactem na rotina da advocacia.
Como o senhor tem lidado com a questão da transparência?
Há quem diga que falta transparência na gestão, mas cabe lembrar que fomos nós que criamos um portal de transparência que tem sido aperfeiçoado constantemente. Aliás, muito me estranha alguém gerenciar a Caixa de Assistência por 6 anos e não ter colocado em prática a ideia que está propondo agora. Estão prometendo até mesmo lançar coisas que já existem…Enfim, quando você compara, a diferença entre discurso e prática, entre falatório e trabalho, logo aparece. Como te disse, nós não temos promessa, temos trabalho.